Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Robótica

Rato mecânico salva 50 cobaias em cada teste de ventilação

Agência USP - 23/09/2005

Rato mecânico salva 50 cobaias em cada teste de ventilação

Para testar equipamentos de ventilação de biotérios, o professor José Luiz Merusse, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, criou um simulador de presença. Apelidado de "rato mecânico", o aparelho usa materiais simples, como uma resistência elétrica de chuveiro e dois reservatórios de óleo de freio de Fusca, e evita que, a cada teste de ventilação, cinquenta animais sejam sacrificados.

Desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso de Laudicéia Amaral dos Santos Luz na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec), com orientação do professor Merusse, o "rato mecânico" simula a presença de uma cobaia na gaiola. "Pegamos os padrões de quanta água evaporada, amônia e energia (calor) esses animais produzem, e, a partir disto, simulamos essa emissão com o aparelho". Depois de o ar entrar e circular, os técnicos medem a temperatura, a umidade e os níveis de amônia presentes do ar que sai da gaiola individual.

Para produzir o "rato mecânico" foram utilizados um azulejo, uma resistência elétrica de chuveiro, um dissipador de calor de computador antigo, uma chapa de alumínio obtida em ferro velho, duas formas de empanada, dois reservatórios de óleo de freio de Fusca e duas válvulas deregular ar de aquário.

O calor é gerado pela resistência elétrica do chuveiro e emitido pelo dissipador de processador de computador, simulando a emissão de calor do corpo do animal. Esse mesmo calor da resistência do chuveiro (que é impedido, pelo azulejo, de passar para o local onde o "rato mecânico" está apoiado) aquece a placa de alumínio, que esquenta as formas de empanada que funcionam como recipientes de água e solução de amônia. Com o calor, ambos os líquidos (antes armazenados nos reservatórios de óleo de freio de Fusca e cujas quantidades são controladas pela válvula reguladora de ar de aquário) evaporam. "Como são necessários cinqüenta simuladores de presença para testar as cinqüenta gaiolas, nossa preocupação é a de projetá-los o mais barato possível."

Ventilação

O simulador foi criado a partir de uma necessidade surgida em outro projeto da FMVZ. Merusse é um dos únicos pesquisadores da América Latina que atuam na área de Controle Atmosférico de Biotérios, cujo objetivo é preservar o bem-estar dos animais em seu confinamento, ao controlar a temperatura e umidade do local.

O sistema de ventilação normalmente utilizado em biotérios (bem como em shoppings e bancos) é o de Ventilação Geral Diluidora (VGD). Nele, apenas uma pequena parte do ar (cerca de 10%) é renovada, enquanto a restante é reutilizada, após passar por tratamento no sistema.

No entanto, pelo fato de os animais produzirem gases tóxicos - principalmente a amônia, proveniente das fezes e da urina - a atmosfera dos biotérios deve ser 100% renovada. "E o sistema VGD, para os biotérios, tem se mostrado ineficiente, pois muita energia é despendida para a troca total do ar", afirma Merusse.

Por essa razão, o professor desenvolveu e patenteou um novo modelo de controle atmosférico, a Ventilação Micro-Ambiental (VMA). "Com esse sistema, a renovação do ar das gaiolas é feita de maneira separada - tanto de uma gaiola para outra quanto do restante da sala", explica Merusse, adicionando que esta tecnologia reduz 70% a massa de ar necessária com a VGD.

Para aperfeiçoar o sistema, é necessário que se meça, através das saídas das caixas, o calor, a umidade e a quantidade de amônia presentes em cinqüenta diferentes gaiolas. Ou seja, seria necessário que ao menos cinqüenta cobaias passassem pelo teste que verifica o conforto dos animais no sistema VMA. E, por lei, todas elas devem ser sacrificadas após o teste. É aí que entra o "rato mecânico".

Merusse destaca que não tem conhecimento de outra instituição no mundo que utilize algum instrumento que simule a presença de um animal engaiolado. "E não queremos patentear o "rato mecânico". Estou à disposição para ensinar qualquer pessoa que queira montá-lo." Por enquanto, somente o laboratório do Departamento de Patologia da FMVZ utiliza o aparelho.

Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Robôs
  • Robôs Assistentes
  • Biochips
  • Biotecnologia

Mais tópicos