Vôo dos beija-flores é diferente do que se imaginava

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/06/2005

Os beija-flores são delicados, lindos e poéticos. Não há quem não se encante ao vê-los circular graciosamente ao redor de uma flor. Mas o que teria o vôo de um beija-flor a oferecer ao mundo da tecnologia? Muito; graças a um sofisticado aparato a laser, os cientistas finalmente conseguiram decifrar a aerodinâmica do vôo desses pequenos pássaros. E muito do que se acreditava verdadeiro agora terá que ser reescrito nos livros de biologia.

O biólogo Bret Tobalske chefiou uma equipe de três universidades norte-americanas (Portland, Oregon e George Fox), que acabou de publicar os resultados de suas pesquisas na revista Nature. Ao contrário do que se acreditava, os beija-flores não voam como os insetos.

Os cientistas descobriram que os pequenos pássaros sustentam 75 por cento do seu peso durante o movimento de bater as asas para baixo e apenas 25 por cento no ato de bater as asas para cima. Os insetos produzem o mesmo volume de sustentação durante as duas fases do bater de asas. Já os demais pássaros suportam 100 por cento do seu peso no movimento de batida para baixo das asas.

A descoberta deverá influenciar o projeto de mini-veículos autônomos, minúsculas máquinas voadoras que não pesam muito mais do que os próprios beija-flores e até mesmo de veículos grandes, como helicópteros e veículos pessoais de deslocamento aéreo.

Micro-robôs aéreos estão sendo considerados como alternativas viáveis inclusive para exploração de outros planetas. Como são leves e pequenos, uma sonda espacial poderia comportar dezenas deles, cada um viajando numa direção diferente, o que permitira efetuar uma exploração de umaárea muito maior.

Na pesquisa, os cientistas utilizaram uma técnica chamada velocimetria por imageamento digital de partículas, técnica esta muito empregada na caracterização do fluxo de gases e líquidos. Capturando imagens com uma câmera digital de alta velocidade e iluminando a cena com raios laser, os cientistas conseguem monitorar o movimento individual de cada partícula.

Para observar o vôo dos beija-flores, os cientistas aspergiram gotas microscópicas de óleo de oliva no ar ao redor de uma flor artificial. Quando os beija-flores se aproximavam para se alimentar, eles capturaram imagens a cada 300 microsegundos. Uma análise realizada por computador permitiu aos cientistas reconstruir o empuxo produzido a cada movimento das asas dos pássaros.

O resultado da pesquisa é um modelo preciso de uma forma de voar totalmente diferente tanto dos demais pássaros quanto dos insetos. Os engenheiros aeronáuticos já estão se movimentando para tentar tirar proveito desse vôo totalmente assimétrico.

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