Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/11/2004
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (CTC-UFSC) e do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), de Curitiba (PR), desenvolveram o primeiro robô capaz de recuperar pás das turbinas de usinas hidrelétricas do Brasil. Chamado de Roboturb, projeto foi apresentado nesta semana em Florianópolis.
O Roboturb é um robô soldador, que se fixa nas paredes das pás das turbinas por meio de ventosas. Ele possui ainda um trilho, no qual ele consegue mobilidade suficiente para atuar em uma área maior da pá sem precisar se deslocar.
Atualmente, as hidrelétricas são as principais responsáveis pela geração de eletricidade no Brasil. O trabalho de recuperação das pás, que movimentam águas para gerar energia, é indispensável para que o fornecimento não seja comprometido e deve ser feito, em média, de quatro em quatro anos. Isso acontece porque a passagem de água pelas turbinas provoca o surgimento de crateras nas pás. De acordo com um dos integrantes do projeto, o doutorando em Engenharia Elétrica Emerson Raposo, tudo isso é feito de forma manual e as condições de trabalho dos técnicos envolvidos são insalubres.
O robô projetado pelos pesquisadores trabalha de forma automática, com mais qualidade de serviço e maior precisão na soldagem das crateras. O principal ganho, no entanto, refere-se ao tempo em que as pás podem ficar sem manutenção: oito anos, o dobro do obtido, em média, no processo manual. Os ganhos econômicos também são expressivos: economiza-se cerca de cem mil reais em cada turbina reparada. Dois testes em campo já foram realizados: um em Foz do Areia, em Curitiba (PR), em junho deste ano e outro em Estreito (SP), no mês de outubro. Raposo qualifica os resultados como "melhores do que se esperava". Por meio desses testes, comprovou-se a robustez do robô e também sua eficiência.
Para aqueles que julgam que o Roboturb substituirá a mão de obra humana e, conseqüentemente, aumentar o desemprego, Raposo tem uma resposta: "Ele não vai substituir ninguém, é apenas uma ferramenta para auxiliar os técnicos. Vamos continuar precisando deles para operar o robô na turbina", garante.
O projeto custou, no total, R$ 4.200.000,00. A intenção não é desenvolvê-lo em escala industrial, mas sim, fazer uso dos próprios equipamentos construídos em parceria universidade e empresa para prestação de serviço às usinas hidrelétricas.