Agostinho Rosa - 23/07/2003
O professor Kevin Warwick tornou-se famoso em 1998, quando foi o primeiro cientista a se tornar cobaia da própria experiência cibernética, implantando um transmissor em seu braço. Interessante a experiência, embora certamente exagerado o fato de ele ter-se autodenominado "I Cyborg" ("Eu Ciborgue" ou "Eu Cibernético").
Mas, tão bom em autopromoção quanto em inteligência artificial e robótica, o professor acaba de surpreender novamente, ao lançar Morgui, um robô realmente impressionante. O robô, uma caveira sem corpo, foi construído com o objetivo de observar o comportamento humano na interação com os robôs.
Morgui, que é o termo em mandarim para fantasma, possui cinco sensores que permitem-no seguir com seus enormes olhos as pessoas que estiverem andando pela sala.
Mas os dirigentes da Universidade de Reading (Inglaterra), onde o professor Warwick trabalha, não gostaram da novidade: acharam o robô muito assustador e simplesmente proibiram qualquer interação da caveira cibernética com estudantes menores de 18 anos. A decisão certamente irá atrapalhar os planos do professor, que esperava encontrar na platéia juvenil uma fonte de propaganda boca-a-boca para sua nova criação.
Morgui não é mais uma experiência de robô que interaja naturalmente com os seres humanos, como o Kismet, que é capaz de imitar inúmeras expressões humanas, como surpresa, calma, raiva, felicidade etc. A caveira robótica, ao contrário, apenas segue com seu olhar assustador uma pessoa que passa à sua frente. O que não deve deixar de ser constrangedor para quem é seguido, principalmente pelo formato de caveira do robô.
O robô possui câmeras nos olhos e microfones para acompanhar o som de passos. Mas o acompanhamento de movimentos é ainda auxiliado por três outros sensores: radar, infravermelho e ultrasônico. Os cinco sensores juntos garantem que Morgui faça muito bem seu trabalho, não deixando que ninguém consiga fugir de seu olhar assustador.
Psicólogos e cientistas do comportamento poderiam dar melhor depoimento sobre o que se pode esperar de pessoas, desavisadas ou não, sendo atentamente acompanhadas pelo "olhar" de uma caveira. Ou que tipo de conclusão se poderia esperar de um estudo desses. Parece mais algo para uma "pegadinha" de programas populares de televisão do que para estudos sérios. Talvez com essa idéia é que veio a censura do robô, imposta pelos dirigentes da Universidade. Segundo declaração do porta-voz da instituição, a intenção da proibição é "manter práticas éticas adequadas para as pesquisas."