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Indústria brasileira precisa de mais inovação tecnológica

Fábio de Castro - Agência FAPESP - 08/05/2007

Indústria brasileira precisa de mais inovação tecnológica

Um consenso predomina entre os atores envolvidos com o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil: a indústria brasileira precisa de mais inovação. A agenda para isso também não apresenta muitas divergências. Mas, para desencadear um surto de inovação na indústria brasileira o país precisará de mecanismos apropriados de seleção de setores e projetos prioritários.

A análise, de Carlos Américo Pacheco, secretário adjunto da Secretaria do Desenvolvimento do Estado de São Paulo, sintetizou as discussões no 2º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado em São Paulo - o evento foi organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Tecnologia industrial

Para Pacheco, o próprio congresso sinaliza a consolidação de um consenso em relação à agenda prospectiva empresarial relativa à tecnologia industrial. "É extraordinário que a indústria tenha a iniciativa de discutir inovação, mostrando a relevância do tema e se mobilizando pelo segundo ano para trocar experiências com os vários atores envolvidos", disse à Agência FAPESP.

Segundo o secretário, há um claro consenso em relação ao diagnóstico geral do que deve ser feito em relação à inovação na indústria. "O difícil é operar isso concretamente, porque, para tanto, é preciso fazer seleções. Ao contrário das políticas universais -, como saúde pública ou educação fundamental - a política industrial e tecnológica precisa escolher quais são os setores e projetos prioritários", disse.

A dificuldade, segundo Pacheco, é passar do consensual para o operacional. "Quando se escolhe um local para implantar um centro de pesquisa, todos os que não foram contemplados podem não gostar da seleção. Há absoluto consenso sobre a agenda, mas os problemas estão nos detalhes."

Para o secretário, o Brasil não tem mecanismos legítimos para tomada de decisão consensual e precisa de uma espécie de engenharia institucional. "Vivemos em um impasse em que o aparato institucional não está desenhado para se tomar decisões, apesar desse extraordinário consenso."

A agenda emergencial, discutida por Pacheco e outros participantes em um dos painéis do congresso, inclui o reforço das leis existentes, revisão do marco regulatório, aplicação de novos modelos e maior determinação na aplicação da Lei de Inovação. Em médio prazo, a agenda teria ainda a reforma do Estado, novas formas de parcerias público-privadas (PPP), consolidação dos marcos regulatórios e ordenamento constitucional.

Inovação na Indústria Brasileira

Para outro participante do congresso, Carlos Roberto Cavalcante, superintendente do IEL, os segmentos interessados em desencadear um surto de inovação poderiam se inspirar na mobilização das empresas para uma reengenharia da qualidade, ocorrida a partir do fim da década de 1980 como reação à abertura dos mercados. "É um exemplo de que um setor sempre avança quando sua relevância se torna consenso na sociedade", disse.

Guilherme Ary Plonsky, coordenador do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Universidade de São Paulo, fez ressalvas à comparação entre o sistema de qualidade e o sistema de inovação. Segundo ele, o desafio no fim da década de 1980 era menos complexo.

"Naquele momento foi possível copiar modelos aplicados em outros países, o que é mais difícil no caso da inovação", afirmou. Para Plonsky, embora haja consenso sobre a necessidade de inovação na indústria brasileira, o empresariado ainda não sentiu diretamente o impacto da falta de um sistema bem estabelecido. "No caso do sistema de qualidade, a abertura do mercado praticamente forçou a adaptação. No caso da inovação, eu diria que a água ainda não chegou no nariz", disse.

Prospecção tecnológica

Márcio Miranda Santos, diretor executivo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), destacou que o sistema nacional de inovação ainda precisa de divulgação. Segundo ele, as possibilidades dos instrumentos e leis de inovação ainda são pouco conhecidas mesmo entre empresários.

"Vejo também uma grande necessidade de incorporar mais especialistas das ciências sociais aos processos de inovação. Eles têm muito a contribuir nas análises de riscos e nas leituras da percepção pública em relação aos produtos do desenvolvimento tecnológico", afirmou.

Além do painel sobre a agenda empresarial e prospectiva tecnológica e industrial, o evento discutiu temas como "A política macroeconômica e a política industrial", "A inserção internacional da indústria brasileira", "Estratégias e diretrizes da política industrial e tecnológica", "Financiamento à inovação" e "Incentivos fiscais à inovação".

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