Fabiana Santos - ABIPTI - 03/05/2007
Quase 40% da população demonstra pouco interesse por assuntos de ciência e tecnologia por não entenderem do que se trata. Essa é uma das constatações da pesquisa Percepção Pública da Ciência e Tecnologia realizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Ciência e Tecnologia no Brasil
Entre os 2004 entrevistados, 1.161 se declararam pouco ou com nenhum interesse em ciência e tecnologia. Desse universo, 37% responderam que a falta de interesse se dá pelo fato de não entenderem o assunto.
"Isso é um recado para nós [do setor de C&T]. Tudo está diretamente relacionado com a educação científica", disse Ildeu de Castro Moreira, do MCT. Em quarto lugar, com 14%, os não ou nada interessados em C&T disseram que o motivo é que não gostam do assunto. "Se tivessem uma educação de melhor qualidade poderiam gostar", lamentou ele.
Uma das questões da pesquisa ressaltada por Ildeu foi se o entrevistado já havia ido a algum dos locais ou acontecimentos públicos relacionados à ciência e tecnologia, listados no questionário. Do total da amostra de 2004 entrevistas, 52% não visitaram nenhum local; 28% visitaram jardim zoológico, jardim botânico ou parque ambiental; 25%, biblioteca pública; 13%, feira de ciências ou olimpíadas de ciências ou de matemática; 12%, museu de arte; 4%, museu de ciência e tecnologia ou centro de ciência e tecnologia; e, apenas, 3% participaram das atividades da Semana Nacional de C&T.
Eventos de Ciência e Tecnologia
"Na Europa, isso [visitas à lugares de C&T] é bem maior, pois acham esse locais divertidos, ou seja, os nossos [museus, feiras, eventos] têm que ser mais divertidos e mais interativos".
Parece que o coordenador da pesquisa leu a recomendação recentemente feita aqui no Inovação Tecnológica (veja Túnel da Ciência mostra como deve ser uma exposição de ciência e tecnologia).
Os 1.919 que responderam que não visitaram museu ou centro de ciência e tecnologia, ao serem perguntados o motivo, responderam: "eles não existem na minha região" - 35%; e "não tem tempo para ir" - 31%; e "não está interessado" - 22%. Ildeu de Castro ressaltou os dados apontando regiões como a Norte, onde muitos dependem de barcos e de transportes precários para se locomoverem. "Longe, no Brasil, pode significar 500 km, 600 km ou mais [para ter acesso a esse tipo de local]".
Do total da amostra de 2004 entrevistas, 27% apontaram que os jornalistas são os que inspiram maior confiança como fonte de informação. Logo em seguida vêm os médicos com 24%; cientistas que trabalham em universidades com 17%; religiosos, 13%; representantes de organizações de defesa do consumidor com 7%; cientistas que trabalham em empresas, 4%; escritores, 3%; militares, 3%; políticos, 1%, Os que não responderam foram 2%. Ildeu de Castro ressaltou que, na Europa, os jornalistas não detêm uma confiança tão grande da população. Já o ministro da C&T, Sergio Rezende, destacou a importância e a responsabilidade que os jornalistas têm para com a sociedade.