Agência FAPESP - 07/11/2006
Os principais resultados de um amplo levantamento feito pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), que avaliou o comportamento das empresas brasileiras em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, acabam de ser reunidos em livro.
O estudo Inovação tecnológica no Brasil: a indústria em busca da competitividade global tem como base dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2005, com informações de 84.262 empresas distribuídas em 91 atividades industriais.
O conteúdo da obra está dividido em três capítulos. O primeiro mostra o engajamento do setor produtivo em questões referentes à inovação. O segundo capítulo apresenta a evolução das atividades internacionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e o terceiro faz uma análise dos instrumentos de política tecnológica disponíveis no Brasil.
O livro conta ainda com propostas da Anpei para o crescimento sustentado da competitividade das empresas brasileiras. Os autores são os economistas Mauro Arruda, Roberto Vermulm e Sandra Hollanda.
Segundo o estudo, das empresas que realizaram pelo menos uma inovação de produtos ou processos em 2000, apenas 24,2% consideravam altamente importante a realização de atividades internas de P&D, porcentagem que caiu para 17,2% em 2003. No outro extremo, 79,3% dessas empresas consideraram baixa a importância da P&D interna.
Os dados mostram que ainda é baixa a preocupação da indústria brasileira com a geração e aquisição de conhecimento para a realização de inovações tecnológicas. Por conta disso, o livro aponta a necessidade de criação de um movimento nacional capaz de mostrar aos empresários que a realização de P&D interna é um elemento essencial para a estratégia competitiva.
Outro resultado do trabalho é que as empresas mais inovadoras faturaram, em média, mais do que as menos inovadoras: o conjunto das 20 atividades industriais com maior taxa de inovação foi responsável por 23,6% da receita líquida de vendas de toda a indústria brasileira em 2003. Entre as atividades industriais destacam-se a fabricação de defensivos agrícolas, de cimento e de caminhões, ônibus e automóveis.
O investimento brasileiro em P&D ainda é reduzido quando comparado a outras economias emergentes. O Brasil ocupa atualmente a quinta posição na aplicação de recursos, com US$ 12,2 bilhões, atrás da China (US$ 84,6 bilhões), Coréia (US$ 24,4 bilhões), Índia (US$ 20,7 bilhões) e Rússia (US$ 16,9 bilhões).