Thiago Romero - Agência FAPESP - 09/08/2006
Conseguir percorrer a maior distância com apenas um litro de gasolina. Esse foi o objetivo da terceira edição da Maratona da Eficiência Energética, promovida pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), em Indaiatuba, interior paulista. O protótipo CEA-M2, projetado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), obteve o primeiro lugar após obter a marca estimada de 598,8 quilômetros com um litro de gasolina.
"Com essa marca conseguimos bater o recorde brasileiro de economia de combustível, que era de 396,5 quilômetros por litro, de um veículo dos alunos do Mackenzie" disse Paulo Iscold de Oliveira, um dos responsáveis pela criação do protótipo mineiro e professor do departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, à Agência FAPESP. A equipe da instituição mineira, formada por dez estudantes de graduação, também teve a coordenação de Marco Antônio Severo, professor do departamento de Engenharia Elétrica.
Iscold explica que o funcionamento do CEA-M2 é relativamente simples: o motor é ligado até que o carro atinja uma determinada velocidade, quando, então, é desligado. Depois de a velocidade do veículo cair, o motor é novamente acionado por um sistema eletrônico. O piloto fica responsável apenas pela direção do veículo, que se deslocou, no caso do protótipo da UFMG, a uma velocidade média de 24km/h.
A competição é feita em um percurso com 4.340 metros. Cada equipe tem que dar quatro voltas no circuito, o que equivale a cumprir uma distância de 17,3 km. A equipe vencedora demorou 44 minutos para terminar toda a corrida. No intervalo de cada volta os times podem fazer os ajustes que julgarem necessários nos veículos.
A organização usa a soma dos consumos em cada giro pela pista para determinar a equipe vencedora da competição. A relação com o litro de gasolina é obtida por meio de extrapolação matemática. O veículo não percorreu os 598,8 km.
O segundo lugar da competição foi ocupado pela equipe da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, que venceu a primeira edição da competição, em 2004, e também a segunda, em 2005. Os alunos da Universidade Anhembi Morumbi, outra instituição paulistana, ficaram em terceiro lugar.
Para o pesquisador mineiro, a indústria automobilística mundial vem cada vez mais apostando em tecnologias apresentadas nesse tipo de competição, que não ocorre apenas no Brasil, de modo a transferir o conhecimento acadêmico para o setor produtivo. A Shell Eco-Marathon é a mais tradicional do ramo e ocorre desde a década de 1970 no exterior.
"Algumas montadoras na Europa já fabricam automóveis com tecnologia semelhante. Já existem modelos, por exemplo, com dispositivos que desligam o motor quando o veículo pára no farol. O motor volta a ligar automaticamente quando o motorista engata a primeira marcha", explica Iscold. "O conceito de que não é preciso estar com o motor sempre funcionando é uma forte tendência. Só estão faltando mais investimentos para que a indústria consiga lapidar esse tipo de inovação."