Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2005
Depois de revolucionar as cozinhas do mundo todo, o forno de microondas continua fazendo história na ciência. Vários experimentos já tiram proveito dessa tecnologia, criada nos anos 1960 para aquecer comida para os astronautas. Agora foi a vez da mineração.
Desde a Idade do Bronze o homem retira minerais do solo. O progresso tecnológico permitiu o conhecimento de novos metais e abriu a possibilidade de que eles fossem retirados de rochas nas quais se encontram em concentrações muito baixas ou ligados quimicamente com outros elementos.
Mas o processo de extração não mudou muito nos últimos séculos. Toneladas e toneladas de rochas devem ser extraídas com a utilização de explosivos, quebradas por gigantescos britadores e moídas por moinhos que consomem quantidades enormes de energia.
É claro que tudo seria mais fácil se as rochas fossem mais moles. E é justamente isso o que a equipe do Dr. Sam Kingman, da Universidade de Nottingham, Inglaterra, está tentando fazer, utilizando o prosaico forno de microondas.
Segundo os cálculos do Dr. Kingman, entre 3 e 5% de toda a energia produzida no mundo é gasta com a separação de minerais, como minério de ferro, cobre e ouro, do rejeito, que é como os engenheiros chamam a parte "inútil" da rocha onde eles se originam.
Daí veio a idéia de utilizar as microondas. Como as rochas são feitas de diferentes minerais, as ondas as afetam de forma variada ao longo de sua extensão. Como alguns minerais se aquecem mais rapidamente do que outros, quando a rocha é submetida ao aquecimento começam a aparecer rachaduras ao longo das interfaces entre os grânulos dos diferentes minerais, o que faz com que essas rochas possam ser quebradas mais facilmente.
O Dr. Kingman não foi o primeiro a pensar nisso. Mas, até agora, a utilização de microondas na mineração tinha custos proibitivos, tornando a operação muito mais cara. Os testes já realizados consumiam 100 kW de energia para abastecer as microondas, gerando uma economia de apenas 20 kW na moagem e na separação. Mas o Dr. Kingman alterou um pouco o enfoque.
"Basicamente, nós separamos as interações das microondas e tentamos entendê-las," afirma ele. "Nós descobrimos que poderíamos realmente aumentar a velocidade de todo o processo diminuindo o tempo de exposição do material, de alguns minutos para apenas alguns milisegundos, utilizando potências muito altas em períodos curtos de tempo."
Algumas dificuldades ainda permanecem. Cada rocha reage de forma diferente às microondas, de forma que o processo deve passar por uma sintonia fina para cada tipo de minério. A equipe de engenheiros está trabalhando justamente nisso, utilizando uma planta-piloto de beneficiamento de minérios, instalada dentro do campus da Universidade.
O Dr. Kingman afirma que os primeiros resultados mostram que, uma vez configurada a fonte de microondas para um minério específico, a empresa de mineração poderá economizar entre 50 e 60% em sua conta de energia.