Agência FAPESP - 25/10/2004
O dito popular mineiro estampado no cartaz do 1º Seminário Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, realizado esta semana na Universidade de São Paulo (USP), ajuda a traduzir o espírito de um grupo de pesquisadores oriundo das ciências sociais: "Se atalho fosse bom, não precisava de estrada."
Segundo o sociólogo Paulo Roberto Martins, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e principal idealizador do evento, no caso específico da nanotecnologia e de suas aplicações no mundo moderno o Brasil ainda está usando apenas o atalho.
"Usamos essa frase porque, no nosso entendimento, enquanto as ciências humanas não estiverem incorporadas aos estudos sobre nanotecnologia, estamos no atalho. A inclusão é necessária para que a estrada do conhecimento de nanotecnologia no Brasil possa ser construída", disse Martins à Agência FAPESP. Além de trazer especialistas nacionais e internacionais a São Paulo, o pesquisador aproveitou o evento para uma outra iniciativa.
"Estamos anunciando a criação da Rede de Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, que já conta com 11 pesquisadores de diferentes instituições e estados brasileiros", revelou. O objetivo principal do grupo é iniciar uma contribuição das ciências humanas aos estudos de nanotecnologia, informa o pesquisador do IPT.
Durante os dois dias do seminário, todos os pesquisadores presentes mostraram a importância de que os impactos positivos e também negativos da nanotecnologia, que está sendo considerada a quinta revolução industrial, sejam corretamente avaliados. "Em 10 ou 20 anos, no campo da indústria militar, por exemplo, tudo será diferente", diz Martins. "A manipulação do corpo por meio de técnicas desenvolvidas a partir da nanotecnologia também será cada vez mais possível."