Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/10/2007
Mantos da invisibilidade à parte, a ciência vem levando bastante a sério a possibilidade de tornar objetos invisíveis. Agora, pela primeira vez, cientistas conseguiram criar uma camuflagem que funciona na faixa visível do espectro eletromagnético - ou seja, ela torna invisível um objeto que é visível. Outros experimentos do mesmo tipo têm trabalhado com microondas, que não são visíveis ao olho humano.
Invisibilidade em duas dimensões
Mas, se você gosta de ficção, é melhor não ir se entusiasmando e já lembrando das estórias mais cinematográficas. O dispositivo funciona apenas em duas dimensões e na escala dos micrômetros. Para uma discussão mais aprofundada das possibilidades da invisibilidade, veja o artigo Invisibilidade: o que é fato científico e o que é ficção científica.
O experimento consiste em duas pequenas guias que fazem a luz contornar o objeto que se pretende tornar invisível. A luz parece viajar ao longo de uma reta, de forma que o objeto, um pequeno anel de ouro de 10 micrômetros de diâmetro, não pode ser visto.
Luz polarizada
O experimento foi feito pela equipe do Dr. Igor Smolyaninov, quando ainda estava na Universidade de Maryland, Estados Unidos. O aparelho consiste em uma fibra óptica que ilumina a superfície do anel de ouro com uma luz polarizada. As ondas de luz são convertidas em plasmons de superfície - ondas que navegam sobre os elétrons da superfície de ouro, efetivamente em duas dimensões.
Um "manto da invisibilidade" tridimensional teria que controlar as ondas de luz tanto magnética quanto eletronicamente, para fazê-las contornar o objeto a ser camuflado. Esse seria o tipo de invisibilidade que a maioria das pessoas imagina. Mas estamos longe dele. Os plasmons são mais fáceis de se controlar e dirigir.
Metamateriais
Não é também qualquer objeto que ficará invisível se colocado no interior do experimento. Os anéis utilizados consistem em padrões concêntricos bidimensionais feitos de ouro recoberto com uma espécie de plástico chamado metacrilato polimetila.
O conjunto forma o que se convencionou chamar de metamaterial, um material híbrido que apresenta características diferentes dos materiais individuais que o compõem.
O plástico e o ouro têm propriedades refrativas diferentes, o que os faz guiar os plasmons em direções diferentes.
Variando a mistura de metal e plástico em diferentes áreas do dispositivo, inclusive na base, que também é feita de ouro, os pesquisadores conseguiram controlar os plasmons com uma precisão suficiente para guiá-los ao redor dos anéis, de forma parecida com a água de um rio contornando uma pedra.