Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/04/2005
Cientistas da Universidade Rutgers, Estados Unidos, utilizaram nanopartículas para criar uma nova superfície metálica finamente texturada que é capaz de retirar hidrogênio da amônia. O hidrogênio poderá então ser capturado e utilizado, por exemplo, em uma célula a combustível.
A superfície, construída com o metal irídium, consiste em milhões de pirâmides microscópicas, cujas faces medem apenas cinco nanômetros de largura. As moléculas de amônia se encaixam perfeitamente nessa estrutura como se fossem peças de um quebra-cabeças. Uma vez aprisionadas, elas passam por um processo completo de decomposição, com altíssima eficiência.
"As superfícies nanoestruturadas que nós estamos examinando são catalisadores-modelo," afirma Ted Madey, um dos autores de um artigo que será publicado no exemplar de Abril do jornal da Sociedade Americana de Química. "Elas também têm o potencial para catalisar reações químicas para as indústrias química e farmacêutica."
Um dos grandes obstáculos para a implantação da economia do hidrogênio, na qual esse gás deverá substituir o petróleo, é que a fabricação e manipulação do hidrogênio são caras e delicadas, devido principalmente à sua fácil combustão. A nova superfície metálica, construída com recursos da nanotecnologia, poderá permitir que o hidrogênio seja produzido a partir de outros compostos, diretamente no equipamento onde ele será utilizado - uma célula de combustível, por exemplo.
É claro que os cientistas ainda deverão adequar suas nano-pirâmides para funcionar com outros compostos, já que manipular amônia não é em nada menos perigoso do que manipular hidrogênio. Mas ela é uma fonte muito interessante, já que sua molécula consiste em um átomo de nitrogênio e três átomos de hidrogênio.
Já quando lidam com catalisadores industriais, os cientistas normalmente focam seu trabalho na busca de compostos que tornem as reações químicas mais rápidas. Isso resulta normalmente em catalisadores que ocasionam várias reações, gerando subprodutos indesejáveis que, por sua vez, diminuem a eficiência do catalisador.
O professor Madey afirma que esse problema poderá ser minimizado construindo-se superfícies nanoestruturadas adequadas a cada necessidade, gerando-se catalisadores seletivos e que mantêm sua eficiência ao longo de todo o processo.