Thiago Romero - 05/05/2006
Um programa de computador desenvolvido no Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), em Campinas, permite que médicos simulem cirurgias com precisão de detalhes. A vantagem é poder decidir com antecedência a forma mais adequada de intervenção para cada caso, diminuindo as chances de erros.
Chamado InVesalius, o software, a partir de informações obtidas em exames de tomografia e ressonância magnética, cria modelos tridimensionais da estrutura anatômica a ser analisada. Posteriormente, por meio de técnicas de prototipagem rápida, a imagem pode ser transformada num modelo físico.
"Mais de 450 intervenções cirúrgicas já foram realizadas com base nos processos de modelagem do InVesalius", disse o responsável pelo desenvolvimento do programa, Ailton Santa Bárbara, engenheiro eletrônico do CenPRA, à Agência FAPESP.
O programa, explica o pesquisador, vem sendo utilizado especialmente para a reconstrução de estruturas como crânios, mandíbulas e sistemas vasculares. "O software foi projetado para as áreas bucomaxilofaciais e de reconstrução craniofacial, mas pode ser aplicado em qualquer estrutura do organismo humano", explica Santa Bárbara.
Para uma melhor simulação da cirurgia, as imagens geradas no computador podem ganhar formas por meio de uma máquina injetora. O equipamento utilizado é o mesmo que produz peças industriais para componentes automotivos e eletroeletrônicos.
"A imagem do modelo tridimensional do InVesalius é esculpida com precisão milimétrica. Com a réplica, que pode ser feita em náilon ou em gesso, o cirurgião vai para a cirurgia com muito mais confiança", diz o engenheiro.
O pesquisador explica que nem todas as análises clínicas necessitam da réplica do órgão em tamanho natural. Com os modelos virtuais do programa já é possível visualizar detalhadamente estruturas em diversos ângulos e com diferentes texturas.
O software é gratuito e pode ser baixado pela internet (veja link abaixo, no quadro Para navegar). "O InVesalius é de domínio público. Nossa intenção é disseminar a tecnologia e incentivar os médicos a utilizá-la com mais freqüência", afirma Santa Bárbara.