Software universal roda em qualquer dispositivo

IST Results - 02/09/2005

A visão de programas universais de computador está um pouco mais perto da realidade, graças ao desenvolvimento de ferramentas que criam programas que funcionam em qualquer equipamento.

Os cientistas do projeto europeu DEGAS ("Design Environments for Global ApplicationS") inicialmente definiram os elementos-chave de um programa de computador que são comuns a todos os dispositivos, tal como segurança, e então separaram aquelas funções que são específicas a um único dispositivo.

"Essencialmente, nós queremos enfrentar o problema causado pelas redes heterogêneas, porque atualmente o conteúdo e o software não podem ser usados em todos os dispositivos e sistemas operacionais," explica o coordenador do projeto DEGAS, Corrado Priami.

Redes heterogênas - aquelas com uma grande variedade de diferentes equipamentos, como PCs, PDAs e até mesmo telefones celulares - já são parte da vida moderna. Os consumidores utilizam cada equipamento para tarefas específicas, como enviar mensagens de texto pelo celular ou mensagens de email pelo PDA ou pelo laptop.

Mas fazer programas para essas redes é um pesadelo. Cada dispositivo utiliza um sistema operacional diferente e roda aplicações diferentes, que não conseguem facilmente falar umas com as outras. É um problema que gera enormes ineficiências e elevados custos - e o projeto DEGAS já está tentando resolvê-lo há três anos.

Da teoria à prática

"Nós tínhamos algumas idéias de um ponto de vista teórico e tínhamos alguns parceiros industriais no projeto, como a Motorola, que tinha alguns problemas práticos, os quais foram capazes de nos guiar de um ponto de vista prático," explica Priami.

O projeto desenvolveu uma teoria para lidar com redes heterogêneas e gerou um conjunto de ferramentas para se escrever programas para uso em uma grande gama de equipamentos. Especificamente, os cientistas desenvolveram um jogo de aventura e uma solução de e-commerce móvel.

O projeto teve tanto sucesso que o sistema de e-commerce desenvolvido, que funciona em uma grande variedade de equipamentos de mão, não chegou a ficar na etapa de demonstração. O parceiro industrial Motorola começou imediatamente sua transformação em um produto comercial.

A equipe utilizou um protocolo padrão, chamado UML ("Universal Modelling Language"), para projetar os elementos-chave do jogo e do programa de e-commerce. "A idéia principal é que, quando você tem que compilar uma aplicação para um dispositivo específico, você pode decidir em qual nível do processo você começa a diferenciar a aplicação para uma arquitetura particular," diz Priami.

Hoje, as aplicações são, em sua esmagadora maioria, diferenciadas exclusivamente para a arquitetura para a qual elas são projetadas. Assim, um Microsoft Office para Mac e para Windows são programas completamente diferentes.

"Nós decidimos adiar essa diferenciação o mais possível. Começando com a UML, nós utilizamos uma estrutura intermediária, chamada Process Calculi, que é mais adequada para o desenvolvimento desses aplicativos móveis," conta Priami.

Assim, a equipe desenvolveu um núcleo de programa que é o mesmo para todos os dispositivos. Com esse enfoque, os cientistas precisaram dos compiladores somente para adaptar a linguagem de mais baixo nível para os equipamentos individuais.

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