Sintetizador sub-vocal é capaz de ouvir o silêncio

Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/03/2004

"The sound of silence", a música que imortalizou a dupla Simon e Garfunkel, pode deixar de ser uma licença poética graças a um trabalho de cientistas da NASA. Eles descobriram que pequenos sensores, colocados sob o queixo e dos dois lados do pomo de Adão, podem captar sinais dos nervos e enviá-los para processamento por um programa especializado que consegue traduzí-los em palavras.

Embora ainda estejam nos estágios iniciais de pesquisa, "sintetizadores sub-vocais" como este poderão ser utilizados em locais barulhentos, como aeroportos e no trânsito, em roupas espaciais, ou mesmo como uma ferramenta para melhorar o desempenho dos sistemas tradicionais de reconhecimento de voz.

"O que é analisado é o silêncio, ou sub-audível, como quando uma pessoa lê ou fala silenciosamente consigo mesma," explica Chuck Jorgensen, um dos cientistas da equipe que fez a descoberta. "Sinais biológicos são gerados quando se lê ou fala consigo mesmo com ou sem movimento real dos lábios ou da face."

No primeiro experimento, os cientistas treinaram o software para reconhecer seis palavras e dez números que um voluntário repetia sub-vocalmente, sem emitir sons audíveis. Os sensores captam os sinais elétricos que viajam pelos nervos e músculos e os envia para um program. O programa traduz os sinais em palavras e aciona um browser, que navega na Internet seguindo os comandos captados pelos sensores.

Os cientistas criaram uma tabela com as letras do alfabeto, de forma que cada letra pode ser acessada por um par de números, um deles identificando a coluna e o outro a linha onde se encontra cada letra, como numa planilha eletrônica. Ao interpretar os números silenciosamente ditados pelo usuário, o programa vai construindo as palavras e, atendendo aos demais comandos, submete a palavra a um mecanismo de busca como o Google. Desta forma, é possível navegar na Internet silenciosamente e sem tocar no teclado.

Agora os cientistas estão passando para uma segunda fase da pesquisa, utilizando sensores "sem contato", capazes de captar os sinais de nervos e músculos mesmo quando instalados sobre a roupa.