Jornal da Ciência - 04/10/2002
O Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveu uma tecnologia, totalmente nacional, para a construção de dois supercomputadores. Um deles, fruto de uma parceira com a Itautec, já estará sendo comercializado em um ano. Enquanto um supercomputador convencional pode custar mais de US$ 10 milhões, o equipamento fabricado pela Itautec, com tecnologia do LSI, não custará mais que R$ 200 mil.
"Desenvolvemos todos os sistemas utilizando a eletrônica convencional disponível no mercado", explica o professor João Antônio Zuffo, coordenador do laboratório. O outro supercomputador é um servidor gráfico que já está sendo utilizado na Escola Politécnica desde o ano passado, no projeto Caverna Digital.
Zuffo e seu grupo de pesquisadores no LSI trabalham com a tecnologia de computadores paralelos desde a década de 80. Em 1997, as pesquisas possibilitaram o desenvolvimento de um sistema paralelo com 144 processadores. "Na época era o maior sistema do mundo em número de processadores, fora dos Estados Unidos", lembra o professor.
Hoje, segundo ele, o maior supercomputador encontra-se nos EUA, com uma capacidade de 100 teraflops, capaz de realizar 100 trilhões de operações por segundo em pontos flutuantes. "O equipamento da Itautec, que possui cerca de 200 processadores, é dotado basicamente de softwares para cálculos numéricos, que serão aplicados em sistemas financeiros, e para aplicações científicas", conta o professor.
Ele lembra, no entanto, que o sistema foi enriquecido com vários outros programas, como o chamado "RAMS", de previsão de tempo. "Nada impede que sejam desenvolvidos e instalados novos programas para serem utilizados nas mais diversas áreas", garante. O supercomputador, que opera em sistema linux, pode ser expansível em até cerca de 1000 processadores. Uma destas máquinas será instalada no LSI e funcionará como um laboratório de instalação e desenvolvimento de softwares.