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Informática

Quem se lembra da briga dos browsers

Agostinho Rosa - 24/05/2002


A Microsoft continua brigando na Justiça. O público já se acostumou com o quase monopólio, quase já não há mais pressão. Venceu o mais forte. Mas os economistas deveriam se interessar mais por um episódio que provavelmente é único na história do capitalismo: de líder absoluto no mercado, o navegador Netscape é apenas uma vaga lembrança na mente da maioria dos internautas. Gerações de gurus da Administração insistem nas vantagens imbatíveis de se ser o primeiro, ou líder de mercado. Uma empresa que não acreditava na Internet, entrou tardiamente no mercado, quase eliminou o concorrente. As teorias furaram. Vale, no mínimo, uma dissertação de mestrado.

Mas o Netscape, agora propriedade da AOL, continua vivo. Acaba de ser anunciada sua versão 7. A de número 6 foi uma remodelação tão radical da versão que perdeu a guerra, que justificou até a passagem direta de versão 4.7 para 6. Pesou o fato de que o Internet Explorer, o vencedor, estava na versão 5 e era preciso dar a impressão de um avanço. Foi um avanço. A versão 6 possui opções de configuração e personalização que deixam o vencedor envergonhado. Ou pelo menos deveriam deixar. Mas é um programa "pesado", e alguns décimos de segundo mais lento do que o concorrente. Nestes tempos de correria global, décimos de segundo são importantíssimos (hummm...). Também, quem se preocuparia em fazer o "download" de um programa de mais de 15 megabytes, se o seu sistema operacional já possui um que faz o serviço? Se não me falha a memória, esses eram argumentos utilizados pelos acusadores da Microsoft, pelo menos no tempo em que os processos que ela sofria eram noticiados. Já vai tempo!

A versão 7 é muito interessante. Permite ver vários sites; como num programa de planilha eletrônica, é só clicar na aba com o nome do site e lá está ele. É uma facilidade, além de um ganho de tempo, pelo menos para quem navega sobre linhas discadas. Muitos se esquecem de que o Netscape é um pacote e não apenas um navegador. O editor HTML e o cliente de e-mail, sem muitos furos de segurança, continuam lá, simpáticos e muitíssimo mais rápidos do que na versão 6. As configurações para usuários profissionais também continuam imbatíveis. Em tempos de "spam" correndo solto, por exemplo, brecar cookies de e-mails é um elemento importante.

Mas o Netscape especializou-se em navegação. E se pode se dar ao luxo de usar um motor de outro fabricante. O motor do Netscape é o muito falado mas pouco conhecido Mozilla. O Mozilla é um projeto de código aberto, para a construção de um navegador que desafiaria os gigantes da indústria. Bom, quando ele nasceu, os navegadores ainda eram vendidos. Mas o projeto se manteve e floresceu. E gerou um fruto muito interessante.

Mozilla 1.0 RC2. Essa é a nova versão lançada nesta semana (RC é "Release Candidate": candidato a versão definitiva). Mas o Mozilla não é só um motor. Ele é também um navegador. Para uma analogia com o mercado automobilístico, o Mozilla é um fabricante de carros que cede seus motores para outro fabricante, no caso o Netscape. Mas o navegador Mozilla não é um carro, é um avião. Ele controla a baixa de imagens por site, gerencia cookies onde quer que eles estejam, tem abas para navegação entre sites, permite evitar as famosas janelas "pop-up", tem gerenciador de senhas, gerenciador de "downloads" etc. e mais etc. E seus décimos de segundos estão salvos: ele é muito rápido. E quando você se cansar de navegar, pode ficar trocando a "pele" dele.

Ficou curioso? O Mozilla está em http://www.mozilla.org/ e o Netscape está aqui.

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