Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/04/2004
Motor inovador
Pode parecer estranho o fato de que cientistas da Agência Espacial Européia estejam no máximo do seu entusiasmo ao poderem acompanhar o funcionamento e aprender a lidar com o motor de uma sonda espacial.
Afinal de contas, desde o início dos diversos programas espaciais, as naves têm sido movidas por foguetes. E foguetes só precisam de uma ignição; depois da ignição, se algo der errado, só resta o "botão de pânico" e a destruição total é inevitável.
Mas o motor da SMART-1 não é um foguete. Trata-se de um motor iônico, uma espécie de motor elétrico, que retira o empuxo necessário para movimentar a nave de íons expelidos em alta velocidade pelo motor.
Motor iônico
O conceito de motor iônico remonta a meados do século passado, mas esta é a primeira vez que essa tecnologia é testada em um vôo de longa duração.
SMART (esperto, inteligente) é na verdade um acrônimo para "Small Missions for Advanced Research in Technology" (Pequenas Missões para Pesquisa Avançada em Tecnologia).
A SMART-1 é a primeira nave dessa série e, além do seu motor inovador, leva vários instrumentos que estão sendo avaliados e poderão vir a ser utilizados em futuras missões. Ela será também a primeira nave Européia a alcançar a Lua.
Mas, pelo menos nessa fase da missão, o sistema de propulsão elétrica está no centro das atenções dos cientistas. A pequena sonda já completou 264 órbitas, aproximando-se cada vez mais da Lua. O desempenho do motor é avaliado como sendo muito bom pelos técnicos.
O motor iônico já acumulou 1.870 horas de tempo total de funcionamento e consumiu cerca de 30 Kg de Xenon, o gás que lhe serve como combustível. Isto representou um incremento de velocidade para a SMART-1 de 134 m/s.
Oscilações
Ao contrário das expectativas, a corrente de descarga do motor mostrou apenas pequenas oscilações entre os valores máximo e mínimo. A magnitude dessas oscilações está em um fator de 10 vezes menor comparada com as medições feitas em câmeras de vácuo durante os testes em terra.
Os cientistas acreditam que a principal razão para esse funcionamento mais estável do que o previsto deve-se a uma redução na deposição de material nas paredes cerâmicas da câmara de descarga.
Desde a primeira ativação do motor iônico a chama de plasma expelida pelo motor está erodindo as bordas da câmara de descarga.
Na primeira fase da missão observou-se um grande grau de erosão. Mas agora a taxa de desgaste das paredes reduziu-se, provocando uma alteração no comportamento da corrente de descarga, que ficou mais homogênea.