Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/06/2002
Motor iônico
Menos de dois meses após a NASA ter afirmado que irá investir em motores atômicos para futuras explorações espaciais, a Agência Espacial Européia (ESA: European Space Agency) anunciou que irá investir em motores iônicos.
Um motor iônico não queima combustível como os atuais foguetes, que funcionam à base de combustível químico, seja líquido ou sólido.
Em vez disso, ele converte luz solar em eletricidade através de painéis fotovoltaicos e utiliza essa energia para carregar eletricamente átomos de um gás. Essa carga faz com que o gás saia do motor a alta velocidade, dando o empuxo necessário ao movimento da nave.
É por isso que esse motor é também conhecido como motor solar-elétrico. Além de requerer menor quantidade de combustível, o motor iônico é capaz de atingir velocidades muito superiores à dos atuais motores químicos. A menor quantidade de combustível também deixa mais espaço para experimentos científicos.
Satélite Artemis
Um pequeno motor iônico irá equipar o satélite de comunicações Artemis, a ser lançado em 2003. Uma vez em órbita, o satélite utilizará seu motor para chegar até a Lua.
A alta eficiência dos motores iônicos pode viabilizar missões hoje impraticáveis. O satélite Artemis servirá como laboratório para os testes de maneabilidade, necessários para se viabilizar o projeto BepiColombo, uma nave da ESA a ser lançada em 2012 e que deverá atingir o planeta Mercúrio.
Conforme explica Giuseppe Racca, gerente do projeto, "com motores químicos nós podemos apenas fazer um sobrevôo ou estabelecer uma órbita muito alongada ao redor do planeta. Se você quiser alcançar uma órbita baixa e realmente observar o planeta, então não há outra escolha senão a propulsão solar-elétrica."
Nave com propulsão nuclear
No entanto, caso a missão seja fora do Sistema Solar, ou mesmo onde a luz do Sol não é forte o suficiente para prover energia, poderá ser necessária a utilização de outra fonte de eletricidade. Neste caso, um reator nuclear ainda parece ser a opção mais plausível.
Segundo Racca, uma nave equipada com reator nuclear e motor iônico "poderá nos levar até o cinturão Kuiper e mesmo mais longe". O cinturão Kuiper se estende a partir do planeta Plutão em direção ao espaço interestelar. Ele é o destino sonhado por muitos cientistas por conter cometas que não têm sido afetados por outros corpos desde a formação do Sistema Solar.
Ainda além desses cometas está um reino misterioso de campos magnéticos e gases raros que qualquer cientista adoraria explorar.