Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/04/2002
A NASA passará a investir pesadamente em motores nucleares para a exploração espacial. A agência americana, com um orçamento anual de cerca de US$1 bilhão, está preocupada com os poucos retornos que as missões interplanetárias estão proporcionando.
A preocupação é uma questão de identidade: a NASA nasceu visando a exploração espacial. Mas a exploração chegou a uma encruzilhada: a Lua foi alcançada há mais de trinta anos. Depois disto, a maior parte das missões envolveu a colocação em órbita de satélites militares, sempre mantidos no mais absoluto sigilo. É claro que a população sempre aplaude os vôos dos ônibus espaciais, mas chega uma hora em que o contribuinte, e os políticos, começam a se perguntar o que eles levam e para e que serve essa parafernália secreta.
Somente uma viagem interplanetária pode manter a NASA como uma agência verdadeiramente espacial. Todos conhecem as recentes missões aos planetas vizinhos, sobretudo a Marte. Houve alguns fracassos, inclusive o mais estrondoso deles, em que uma nave que deveria pousar no planeta vermelho se espatifou simplesmente porque os engenheiros se esqueceram de converter as unidades de medida do sistema americano para o sistema métrico. Mas esse não é o maior problema. Estas missões sofrem de um defeito muito mais grave: o tempo que elas levam para atingir seus objetivos. Uma nave não tripulada como as recentemente lançadas, que saia hoje da Terra, não chegará a Marte antes da votação do orçamento do ano que vem. Se se tratar de mandar algo, ou alguém, a Saturno ou Urano, então, teremos que voltar ao assunto apenas em 2.017.
Desde antes da Apolo XI, a velocidade das naves humanas não ultrapassa os 29.000 quilômetros por hora. Isto é muito pouco para uma viagem interplanetária. É por isso que a NASA está voltando suas atenções para os motores atômicos. Desde a década de 1.960 os motores atômicos são uma alternativa. Sempre competindo pela preferência dos cientistas, há também o motor iônico, que irá requerer muito mais pesquisa e tempo.
O maior inimigo dos motores atômicos, contudo, está aqui mesmo na Terra. Os grupos ambientalistas estão sempre alertas com a ameaça de um eventual acidente que possa espalhar radiação pela atmosfera. O acidente da Challenger mostrou que a precupação tem suas razões de ser.
Mas os dirigentes da NASA ressaltam que, mesmo com o motor atômico, ainda é cedo para se falar em missões tripuladas a Marte. A nave Mars Odyssey mediu radiações até três vezes mais fortes do que a que está sujeita a Estação Espacial Internacional, mostrando que ainda há muito o que se fazer em pesquisas, sobretudo nos efeitos da radiação sobre o corpo humano.