Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/09/2020
Visão sobre-humana
Os experimentos com equipamentos capazes de enxergar através das paredes - ou mesmo ver o que está além da esquina - vêm sendo feitos há mais de uma década, com resultados que ainda precisam melhorar.
Agora, David Lindell e Gordon Wetzstein, da Universidade de Stanford, nos EUA, criaram um novo algoritmo que consegue reconstruir o movimento das partículas de luz - os fótons - com grande precisão, suficiente para reconstruir uma imagem que não pode ser vista diretamente.
Nos testes, o sistema reconstruiu com sucesso formas obscurecidas por um bloco de espuma de 2,5 centímetros de espessura - para o olho humano, é como ver através das paredes.
"Várias técnicas de imageamento tornam as imagens um pouco melhores, um pouco menos chuviscadas, mas aqui estamos realmente tornando visível o invisível," disse Wetzstein. "Isso está realmente ultrapassando a fronteira do que pode ser possível com qualquer tipo de sistema de detecção. É como uma visão sobre-humana."
Algumas dessas outras técnicas têm sido usadas em microscopia, mas o novo sistema consegue abarcar ambientes em larga escala, permitindo vislumbrar seu uso, por exemplo, na navegação de veículos autônomos, permitindo identificar objetos sob neblina ou chuva forte, ou mesmo fotografar a superfície da Terra e de outros planetas através de atmosferas nubladas.
Vendo objetos ocultos
Para ver através de ambientes que espalham luz em todas as direções, o sistema emparelha um laser com um detector de fótons super sensível, que registra cada fóton de luz laser que o atinge.
Conforme o laser varre uma obstrução, ocasionalmente um fóton consegue passar pela barreira, atingindo os objetos escondidos atrás dela, e passar de volta pela espuma para chegar ao detector. O programa usa então esses poucos fótons - e informações sobre onde e quando eles atingem o detector - para reconstruir os objetos ocultos em 3D.
Este não é o primeiro sistema com a capacidade de revelar objetos ocultos atrás de meios de dispersão, mas ele contorna as limitações associadas a outras técnicas. Por exemplo, alguns sistemas exigem que se saiba a distância do objeto, enquanto outros usam apenas informações de fótons balísticos, que são fótons que viajam de e para o objeto oculto através do campo de espalhamento, mas sem realmente se espalhar ao longo do caminho.
"Estávamos interessados em obter imagens através do meio de espalhamento sem essas suposições, e coletar todos os fótons que foram espalhados para reconstruir a imagem," disse Lindell. "Isso torna nosso sistema especialmente útil para aplicações em grande escala, onde haveria muito poucos fótons balísticos."