Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/06/2021
Visão noturna
Pesquisadores australianos desenvolveram uma nova tecnologia que permite às pessoas ver claramente no escuro, o que pode revolucionar o campo da chamada visão noturna.
Como se trata de uma tecnologia de manipulação óptica incorporada em um revestimento fino e flexível, quando totalmente desenvolvido o sistema de visão noturna poderá ser incorporado até mesmo em óculos.
"Tornamos o invisível visível," disse a pesquisadora Rocio Morales. "Nossa tecnologia é capaz de transformar a luz infravermelha, normalmente invisível ao olho humano, e transformá-la em imagens que as pessoas podem ver claramente, mesmo à distância."
Os aparatos atuais de imageamento infravermelho exigem temperaturas muito baixas para funcionar bem. Com isto, eles se tornam volumosos e caros.
Em vez disso, a nova tecnologia manipula a luz sem eletrônica, por meios totalmente ópticos.
Conversão de infravermelho em visível
A técnica consiste em essencialmente alterar o comprimento de onda da luz, trazendo a luz infravermelha para a faixa da luz visível.
São três elementos básicos: O primeiro são cristais fotônicos, feitos do semicondutor arseneto de gálio, que já vem sendo utilizado para criar antenas de luz e diversas outras tecnologias fotônicas; a seguir, esses nanocristais são usados para criar elementos - as chamadas nanoantenas - de uma metassuperfície, uma versão plana dos materiais artificiais usados nos mantos de invisibilidade; finalmente, uma fonte de luz secundária fornece a energia necessária para produzir um fenômeno chamado conversão ascendente, que manipula os comprimentos de onda da luz.
"Nós demonstramos experimentalmente a conversão ascendente de comprimentos de onda infravermelhos de ondas curtas por meio do processo paramétrico coerente de geração por soma de frequências. Neste processo, uma imagem infravermelha de um alvo é misturada dentro da metassuperfície com um forte feixe de bombeamento, traduzindo a imagem do infravermelho para o visível em um dispositivo de imagem ultrafino em nanoescala," escreveu a equipe.
Futuros desenvolvimentos
O dispositivo de conversão propriamente dito é ultrafino, abrindo a perspectiva de sua fabricação futura em larga escala, para aplicação em substratos transparentes, de lentes de óculos e binóculos até para-brisas e janelas.
Para isso, contudo, será necessário miniaturizar a fonte de luz secundária - o feixe de bombeamento - para tornar o sistema portátil e com baixo consumo de energia.
"Embora este seja o primeiro experimento de prova de conceito, estamos trabalhando ativamente para avançar ainda mais na tecnologia," adiantou o professor Mohsen Rahmani, cuja equipe já havia utilizado os mesmos cristais fotônicos para criar um revestimento que pode ser alternado entre transparente e espelho.