Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/03/2023
Biovidro
Os vidros têm inúmeras vantagens sobre outros materiais, como os plásticos: Sendo feitos essencialmente de areia muito pura, eles são inertes e 100% recicláveis.
E, mesmo que não sejam efetivamente reciclados, os vidros se dão bem com a natureza, voltando com alguma facilidade a ser o que sempre foram.
Mas, e que tal se os vidros também forem biodegradáveis, até mesmo quando usados em implantes no corpo humano?
Esta é a novidade apresentada por Ruirui Xing e colegas do Instituto de Engenharia de Processos, na China.
Xing trocou a areia por aminoácidos, ou peptídeos, criando uma família de vidros ecológicos de origem biológica que é biodegradável e biorreciclável.
Já existem materiais conhecidos como "vidros orgânicos", como o PMMA (metil metacrilato), mas eles são biologicamente incompatíveis e não se degradam prontamente na natureza.
Vidro biodegradável
A dificuldade em fabricar vidros ecológicos de origem biológica está em que as biomoléculas possuem baixa estabilidade térmica e se decompõem facilmente nas altas temperaturas normalmente usadas na fabricação de vidro.
Xing resolveu este problema usando aminoácidos e peptídeos quimicamente modificados para suportar o procedimento clássico de "aquecimento-têmpera". O resultado é um vidro biomolecular que é biocompatível - pode ser usado em implantes no corpo humano, por exemplo - e com recursos inéditos de biodegradabilidade e biorreciclabilidade.
Além disso, o biovidro apresentou excelentes propriedades ópticas, boas propriedades mecânicas e facilidade de processamento durante a fabricação em escala de laboratório, podendo inclusive ser usado como matéria-prima para impressão 3D. O desafio agora é checar se será possível fabricá-lo em larga escala.
"O conceito de vidro biomolecular, além dos vidros ou plásticos usados comercialmente, pode fundamentar uma tecnologia de vida verde para um futuro sustentável," disse o professor Xuehai Yan, coordenador da equipe. "No entanto, o vidro biomolecular está atualmente em estágio de laboratório e longe de ser comercializado em escala."