Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/06/2021
Atividade da água
As observações e missões de exploração espacial têm buscado evidências de vida fora da Terra se concentrando em algo que é essencial à vida como a conhecemos aqui na Terra, a água.
Assim, atenção especial tem sido dada a todos os locais onde grandes corpos de água, como lagos ou oceanos, existem ou já existiram.
No entanto, uma nova pesquisa mostra que não é a quantidade de água que importa para viabilizar a vida, mas a concentração efetiva das moléculas de água, uma propriedade conhecida como "atividade da água".
E os novos cálculos indicam também que uma pesquisa publicada no ano passado, alegando que o gás fosfina na atmosfera de Vênus indicaria uma possível vida nas nuvens de ácido sulfúrico de Vênus, não é plausível - na verdade, a própria equipe já havia corrigido seu artigo.
Vida em Vênus e Júpiter
John Hallsworth e colegas da Universidade Queens, no Canadá, desenvolveram um método para determinar a atividade da água na atmosfera de um planeta.
Em vez de criar um modelo, como os cientistas geralmente fazem, eles analisaram a atividade da água nas atmosferas baseando-se apenas em observações diretas de pressão, temperatura e concentração de água.
Usando essa abordagem para estudar as nuvens de ácido sulfúrico de Vênus, os pesquisadores descobriram que a atividade da água lá está mais de 100 vezes abaixo do limite inferior em que a vida pode existir aqui na Terra.
Os cálculos também mostram que as nuvens de Júpiter têm uma concentração de água alta o suficiente - bem como a temperatura adequada - para a existência de vida ali, supondo que outras necessidades, como nutrientes, estejam presentes.
"Esta é uma descoberta oportuna, visto que a NASA e a Agência Espacial Europeia acabaram de anunciar três missões a Vênus nos próximos anos. Uma delas fará medições da atmosfera de Vênus que poderemos comparar com nossos resultados," disse Hallsworth.
Água e habitabilidade
"A busca por vida extraterrestre tem sido frequentemente um pouco simplista em sua atitude em relação à água. Como nosso trabalho mostra, não é suficiente dizer que água líquida é igual a habitabilidade. Precisamos pensar também em como organismos semelhantes à Terra realmente usam isso - o que nos mostra que temos que perguntar quanto da água está realmente disponível para esses usos biológicos," destacou o professor Philip Ball, coautor do trabalho.
"Nós também fizemos cálculos para Marte e Terra e mostramos que esses cálculos podem ser feitos para planetas fora do nosso Sistema Solar. Embora nossa pesquisa não afirme que vida alienígena (tipo microbiana) exista em outros planetas em nosso Sistema Solar, nossos cálculos mostram que, se a atividade da água e outras condições forem adequadas, então tal vida poderia existir em lugares onde não estivemos procurando anteriormente," concluiu Hallsworth.