Com informações da APS - 07/05/2019
Viagens por buracos de minhoca
Depois da primeira detecção direta de um buraco negro, o próximo objeto celeste na lista de desejos dos astrofísicos são os buracos de minhoca, túneis no espaço-tempo conectando dois lugares distantes, através dos quais seria possível viajar.
Mas não faça as malas para uma viagem ao outro lado da galáxia ainda.
Embora sejam teoricamente possíveis - ninguém detectou um de verdade até hoje - os buracos de minhoca não serão úteis para os humanos viajarem, garantem Daniel Jafferis e Ping Gao (Universidade de Harvard) e Aron Wall (Universidade de Stanford).
"Leva mais tempo para passar por esses buracos de minhoca do que para ir diretamente, então eles não são muito úteis para viagens espaciais," ressalta Jafferis.
Apesar de seu pessimismo por viagens pan-galácticas, Jafferis afirma que a busca por uma maneira de construir um buraco de minhoca através do qual a luz possa viajar está dando um impulso na busca pelo desenvolvimento de uma teoria da gravidade quântica.
"A importância real deste trabalho está em sua relação com o problema da informação nos buracos negros e as conexões entre a gravidade e a mecânica quântica," afirma ele.
Impulso para as teorias quânticas
O trabalho é baseado em uma configuração idealizada por Albert Einstein e Nathan Rosen em 1935, a chamada "ponte de Einstein-Rosen", consistindo de uma conexão entre dois buracos negros (o termo buraco de minhoca foi cunhado em 1957). Como o buraco de minhoca é atravessável, explica Jafferis, ele seria um caso especial no qual informações poderiam ser extraídas de um buraco negro.
"Ele fornece uma prova causal de regiões que, de outra forma, estariam atrás de um horizonte de eventos, uma janela para a experiência de um observador dentro de um espaço-tempo, acessível a partir do exterior," afirmou.
Até o momento, um grande obstáculo na formulação da teoria de buracos de minhoca atravessáveis tem sido a necessidade de energia negativa, que parecia ser inconsistente com a gravidade quântica. No entanto, a equipe superou essa inconsistência usando ferramentas da teoria quântica de campo, calculando efeitos quânticos similares ao efeito Casimir.
"Eu acho que isso vai nos ensinar coisas profundas sobre a correspondência de medidor/gravidade, a gravidade quântica, e talvez até mesmo uma nova maneira de formular a mecânica quântica," disse Jafferis.