Com informações do SETI - 30/10/2020
300 milhões de outras terras
Fazendo uma análise mais detalhada dos dados do telescópio espacial Kepler, uma grande equipe de astrônomos estimou que pode haver até 300 milhões de planetas potencialmente habitáveis em nossa galáxia.
E alguns deles podem até estar bem próximos, com vários provavelmente a 30 anos-luz da Terra.
"Esta é a primeira vez que todas as peças foram colocadas juntas para fornecer uma medição confiável do número de planetas potencialmente habitáveis na galáxia. Este é um termo-chave da Equação de Drake, usada para estimar o número de civilizações comunicáveis - estamos um passo mais próximos no longo caminho para descobrir se estamos sozinhos no cosmos," disse Jeff Coughlin, pesquisador de exoplanetas do Instituto SETI.
A Equação de Drake é um argumento probabilístico que detalha os fatores a serem considerados para se estimar o número potencial de civilizações tecnologicamente avançadas na galáxia que poderiam ser detectadas. Além de servir como um roteiro para os estudos da astrobiologia e orientar grande parte da pesquisa no Instituto SETI, a equação recentemente foi aplicada à pandemia de covid-19.
Para desenvolver uma estimativa razoável, os pesquisadores focaram sua atenção em exoplanetas de tamanho semelhante ao da Terra e, portanto, com maior probabilidade de serem planetas rochosos. Eles também observaram as chamadas estrelas semelhantes ao Sol, com aproximadamente a mesma idade do nosso Sol e aproximadamente a mesma temperatura. Outra consideração para a habitabilidade é se o planeta poderia ter as condições necessárias para suportar água líquida, o que presume uma distância de sua estrela que não o deixe nem muito quente e nem muito frio.
Planetas habitáveis na Via Láctea
Estimativas anteriores sobre o número de exoplanetas potencialmente habitáveis na Via Láctea - os números indicavam 100 milhões deles - basearam-se na distância do planeta até sua estrela. Esta nova pesquisa também considera quanta luz da estrela atinge o planeta, o que afeta a probabilidade de que o planeta possa suportar água líquida.
Para isso, a equipe analisou não apenas os dados do Kepler, mas também os dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia sobre quanta energia a estrela do planeta emite. Ao levar em consideração os dados do Kepler e do Gaia, os resultados refletem melhor a diversidade de estrelas, sistemas solares e exoplanetas em nossa galáxia.
"Saber quão comuns são os diferentes tipos de planetas é extremamente valioso para o projeto das próximas missões de descoberta de exoplanetas," disse Michelle Kunimoto, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. "Pesquisas direcionadas a pequenos planetas potencialmente habitáveis ao redor de estrelas semelhantes ao Sol dependerão de resultados como estes para maximizar sua chance de sucesso."
Atmosfera dos exoplanetas
Um dos elementos da equação da habitabilidade dos exoplanetas que precisa ser melhor calculado é o papel que a atmosfera de um planeta tem em sua capacidade de suportar água líquida - nesta análise, a equipe usou o que eles chamam "uma estimativa conservadora do efeito da atmosfera" em relação à presença de água líquida.
O efeito também pode ser o inverso, com análises recentes mostrando que a maioria dos exoplanetas habitáveis pode não ter terra seca.
A missão Kepler identificou mais de 2.800 exoplanetas, com vários milhares de candidatos esperando para serem confirmados. Infelizmente o telescópio espacial pifou antes do que se esperava, encerrando sua missão em 2018.