Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/02/2018
Parar a luz
Há algum tempo os físicos vêm conseguindo instalar aceleradores e freios na luz - já se demonstrou ser possível, por exemplo, diminuir velocidade da luz ou, no extremo oposto, fazer a luz viajar com velocidade infinita.
Agora, um trio do qual faz parte o professor Alexei Mailybaev, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro, demonstrou como a luz pode ser brecada e até mesmo parada completamente usando uma técnica que envolve a captura da luz dentro de cristais ou de nuvens ultrafrias de átomos.
Ainda que alguns físicos venham defendendo que a velocidade da luz pode ser menor do que se calculava, é bom lembrar que os cálculos atuais estabelecem que a luz viaja a uma velocidade 299.792.458 metros por segundo.
Mailybaev e seus colegas demonstraram que o ponteiro desse velocímetro pode ser trazido a zero no que eles chamam de "pontos excepcionais", que são pontos onde dois modos de luz se juntam e coalescem. E esses pontos podem ser criados dentro de guias de ondas com a simetria adequada.
Pontos excepcionais
Ao contrário da maioria dos outros métodos que são usados para parar a luz, o trio garante que sua nova técnica poderá ser ajustada para funcionar com uma ampla gama de cores e larguras de banda, o que pode ser uma vantagem importante para futuras aplicações práticas.
Os pontos excepcionais para a parada da luz poderão ser criados nas guias de ondas variando os parâmetros de perda e ganho, de modo que dois modos de luz coalesçam - combinem-se em um novo modo único. Para evitar a perda da luz, algo comum nesse tipo de experimento, Mailybaev e seus colegas propõem guias de onda com simetria de tempo-paridade, uma vez que essa simetria garante que o ganho e a perda sejam sempre equilibrados. Como resultado, a intensidade da luz permanece constante quando a luz se aproxima do ponto excepcional, eliminando perdas.
Para liberar a luz parada e acelerá-la de volta à sua velocidade normal, basta que os parâmetros de ganho/perda sejam revertidos.
A característica mais importante do novo método, no entanto, é que os pontos excepcionais podem ser ajustados para funcionar com qualquer frequência de luz, novamente simplesmente ajustando os parâmetros de ganho e perda.
Agora que todos os cálculos estão feitos, resta que os físicos experimentalistas construam as guias de ondas e testem o novo método na prática.
A equipe afirma que este método também poderá funcionar com outros tipos de ondas, como as ondas sonoras - eles planejam investigar essa possibilidade a seguir.