Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/05/2016
Veículos autônomos
Neste fim de semana - dias 28 e 29 de Maio - uma competição promete colocar na estrada os mais avançados conceitos de carros e caminhões autônomos - sem motorista - produzidos por universidades e fabricantes da Europa.
O Grande Desafio de Condução Cooperativa (GCDC, na sigla em inglês) é um misto de demonstração e competição das tecnologias de autocondução, comunicações veículo a veículo e comunicação veículo a infraestrutura.
Dez equipes demonstrarão seus últimos avanços e competirão entre si em um campus automotivo localizado na rodovia A270, entre as cidades holandesas de Helmond e Eindhoven.
A grande expectativa é a primeira avaliação pública de uma nova abordagem de software livre, com código-fonte aberto, que visa substituir o enfoque tradicional de desenvolvimento dos programas de controle dos carros por uma abordagem evolucionária, que imita o comportamento dos animais.
Carros que aprendem e evoluem
O pesquisador Ola Benderius, da Universidade Chalmers, na Suécia, explica que o método tradicional - e largamente dominante - de desenvolver veículos é avançar constantemente a partir dos modelos anteriores, gradualmente adicionando novas funções. Mas este método pode não funcionar para o desenvolvimento dos veículos autônomos e mais inteligentes do futuro.
"Tradicionalmente, o objetivo tem sido tentar separar e diferenciar todos os problemas concebíveis e enfrentá-los usando funções dedicadas, o que significa que o sistema deve abranger um grande número de cenários. Você pode cobrir um grande número de casos diferentes, mas, mais cedo ou mais tarde o inesperado ocorre, e é aí que um acidente poderia acontecer," explica Benderius.
A equipe da universidade vai competir com um caminhão, que já incorpora um tipo completamente novo de abordar o problema da autocondução: o veículo aprende de forma parecida com um organismo biológico, por passos evolutivos, em vez de depender de novas atualizações de software para contemplar cada "inesperado" que ocorrer.
"Os sistemas biológicos são os melhores sistemas autônomos que conhecemos. Um sistema biológico absorve informações de seu ambiente através dos seus sentidos e reage de forma direta e com segurança, como um antílope correndo dentro de seu rebanho, ou um falcão atacando a presa no chão. Antes de os seres humanos caminharem sobre a terra a natureza já tinha uma solução, então vamos aprender com isso," diz Benderius.
Sentidos digitais
Todas as informações que o caminhão compila a partir de seus sensores e câmeras são convertidas para um formato que se assemelha à maneira pela qual os seres humanos e os animais interpretam o mundo através de seus sentidos. Isso permite que o veículo se adapte a situações inesperadas e não previstas quando seu programa foi desenvolvido.
Em vez de apenas um grande programa com funções dedicadas para todas as situações concebíveis, a equipe está trabalhando em blocos comportamentais pequenos e gerais que visam tornar o veículo capaz de reagir a vários "estímulos".
O caminhão da equipe, por exemplo, está programado para manter constantemente todos os estímulos dentro de níveis razoáveis, e ele vai continuamente aprender a fazer isso de forma tão eficiente quanto possível. Isso torna a estrutura de inteligência artificial extremamente flexível e eficaz em administrar perigos súbitos e novos.
OpenDLV
O programa usado pela equipe, chamado OpenDLV (sigla para DriverLess Vehicle, veículos sem condutor), está sendo desenvolvido como software livre, com o código-fonte aberto e disponível gratuitamente na internet.
Com isso, Benderius e seu grupo esperam que outros pesquisadores de todo o mundo possam participar do projeto, ajudando a melhorar o software usando-o em seus próprios veículos. Essa comunidade poderá trocar conhecimentos e ajudar a tornar os veículos autônomos adequados para sua introdução em grande escala na sociedade.
O OpenDLV também funciona como uma plataforma de ensino e pesquisa em uma variedade de disciplinas, como engenharia de veículos, sistemas adaptativos, ciência e engenharia da computação, percepção, neurologia e biologia.