Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/09/2010
De caminhão até o Pólo Sul
Dois laboratórios móveis com tração nas seis rodas e um veículo de gelo com desenho futurista e que desliza sobre esquis são as maiores estrelas da tecnologia que equipará a mais longa expedição científica já feita à Antártica.
O Moon Regan Transantarctic Team, liderado por cientistas da Universidade Imperial College de Londres, vai percorrer 5.800 quilômetros para navegar pelo mais seco e mais frio continente da Terra, chegando até o Pólo Sul.
Além de coletar dados para várias áreas de pesquisas, a equipe quer bater o recorde de tempo na travessia da Antártica usando veículos. E será a primeira vez que os veículos serão abastecidos com biocombustível - etanol - poluindo menos aquele ambiente extremo.
A expedição vai durar aproximadamente 40 dias. A partida será na costa oeste da Antártida, partindo de Patriot Hills em 16 de Novembro. Eles deverão chegar ao Pólo Sul, na estação de pesquisa de McMurdo, em aproximadamente duas semanas. A equipe deverá voltar pelo mesmo caminho, chegando a Patriot Hills por volta do dia 15 de Dezembro.
Meteoritos e aerodinâmica
Durante a expedição, uma rede de sensores sem fios vai coletar e transmitir continuamente os dados para um computador instalado em um dos veículos 6x6, de modo que os cientistas possam acessar as informações sobre a expedição em tempo real.
O computador está conectado a um telefone via satélite para que a informação dos sensores sejam transmitidas instantaneamente também para os membros da equipe que ficarão na universidade.
"A mais recente tecnologia sem fio vai monitorar e avaliar todos os aspectos da viagem. Iremos testar a eficácia dos sistemas de navegação global por satélite, controlar o nosso próprio impacto no ambiente antártico e monitorar continuamente a resposta dos nossos corpos às condições extremas," diz o Dr. Robin North, coordenador da equipe.
Os cientistas pretendem recolher dados sobre: meteoritos, que podem dar informações sobre as origens do nosso sistema solar, a neve superficial, que permite analisar poluentes transportados de todo o mundo; a radiação solar, que dá informações sobre o sistema climático global; e a turbulência do vento, com vistas a estudos aerodinâmicos para uso em veículos e aviões.
Veículos científicos
Um dos grandes objetivos da expedição é testar a viabilidade e o impacto ambiental dos SSVs (Science Support Vehicles: veículos de apoio científico).
A equipe também vai testar a eficácia dos biocombustíveis em temperaturas abaixo de zero, o desempenho dos dispositivos de controle de emissões dos veículos e a fisiologia humana em condições extremas.
O Veículo do Gelo Bioinspirado Winston Wong leva o nome do patrocinador da expedição, um empresário de Taiwan. É uma espécie de batedor - levando apenas um tripulante, o veículo deverá encontrar as melhores rotas para os outros veículos, incluindo os dois gigantescos caminhões com tração nas seis rodas.
Esse meio-veículo, meio-avião também será usado como um laboratório móvel para recolher dados em volta dos pontos de acampamento da equipe.
Originalmente desenvolvido com um motor BMW 1150 adaptado para funcionar com etanol, o veículo precisou receber um motor mais potente, um Rotax 914, mais adequado para temperaturas mais baixas e maior altitude, que leva o veículo até velocidades de mais de 130 km/h.
Pesando cerca de 700 quilogramas, o veículo é impulsionado por uma hélice de três pás. Ele desliza sobre o gelo usando três esquis com suspensão independente e uma espécie de "âncora" para parar rapidamente.
Caminhões 6x6
A expedição usará dois veículos de apoio científico 6x6, que funcionarão como laboratórios móveis.
Os veículos são caminhões Ford Econolines totalmente modificados e adaptados para a expedição. Todas as seis rodas têm tração independente, equipadas com pneus de 44 polegadas e ultralargos - 21 polegadas de largura.
Cada um dos caminhões pesa 4,7 toneladas, mede 6,5 metros de comprimento, 2,54 m de largura e 2,52 m de altura.
O calor dos motores abastece um sistema de derretimento de neve, que vai abastecer as necessidades de água potável da equipe.
Painéis solares de qualidade espacial - como os que equipam os satélites artificiais - vão alimentar todos os equipamentos científicos a bordo dos veículos.