Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/07/2021
Água em Ganimedes
Astrônomos afirmam ter encontrado indícios da existência de vapor d'água na atmosfera de Ganimedes, uma das luas de Júpiter.
Esse vapor d'água se formaria quando o gelo da superfície da lua é sublimado - isto é, passa de sólido para gasoso.
Pesquisas anteriores ofereceram indicações circunstanciais de que Ganimedes - que é a maior lua do Sistema Solar - conteria mais água do que todos os oceanos da Terra.
No entanto, as temperaturas lá são tão baixas que a água na superfície estaria congelada. O oceano de Ganimedes residiria cerca de 160 quilômetros abaixo da crosta; portanto, o vapor d'água não poderia representar qualquer evaporação desse oceano.
Em 1998, o Espectrógrafo de Imagens do Hubble (STIS) obteve as primeiras imagens em ultravioleta de Ganimedes, que revelaram faixas coloridas de gás carregado eletricamente, chamadas de faixas aurorais, indicando que Ganimedes tem um campo magnético fraco.
As semelhanças e diferenças nessas imagens de ultravioleta foram explicadas como sendo sinais da presença de oxigênio molecular (O2). Mas algumas características observadas não correspondiam às emissões esperadas de O2 puro atmosférico. Ao mesmo tempo, os astrônomos concluíram que essa discrepância provavelmente estava relacionada a maiores concentrações de oxigênio atômico (O).
Oxigênio molecular
Mas, quando Lorenz Roth e seus colegas do Instituto Real de Tecnologia, na Suécia, revisaram os dados coletados naquela observação, bem como novas informações coletadas pelo próprio Hubble, em 2018, e pela sonda espacial Juno, eles não viram qualquer indício da existência de oxigênio molecular em Ganimedes.
Isso significa que deve haver outra explicação para as diferenças nas imagens de aurora ultravioleta, e foi para elas que a equipe voltou sua atenção.
O que as imagens mostram, segundo a equipe, é que a temperatura da superfície de Ganimedes varia fortemente ao longo do dia, e, por volta do meio-dia, perto do equador, pode se tornar suficientemente quente para que a superfície do gelo libere (ou sublime) algumas pequenas quantidades de moléculas de água. Na verdade, as diferenças percebidas nas imagens UV estão diretamente correlacionadas com onde a água seria esperada na atmosfera da lua.
"Até agora, observamos apenas oxigênio molecular," destaca Roth. "Ele é produzido quando partículas carregadas erodem a superfície do gelo. O vapor de água que medimos agora se origina da sublimação do gelo causada pela fuga térmica do vapor de água a partir das regiões geladas aquecidas."
Provas definitivas terão que esperar pela sonda JUICE (sigla em inglês para Explorador do Gelo das Luas de Júpiter), da Agência Espacial Europeia. A sonda deverá ser lançada em 2022 e chegar a Júpiter em 2029.