Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/11/2022
Espectrômetro miniaturizado
Pesquisadores desenvolveram uma ferramenta melhor para medir a luz, uma inovação que promete beneficiar campos que vão das câmeras dos celulares ao monitoramento ambiental.
Inúmeras tecnologias dependem da chamada espectrometria óptica. Os espectrômetros medem o espectro da luz - sua intensidade em diferentes comprimentos de onda, como as cores de um arco-íris - e são uma ferramenta essencial para identificar e analisar materiais, espécimes biológicos, a luz das estrelas etc.
Os espectrômetros hoje são feitos com componentes ópticos e mecânicos volumosos, enquanto o novo dispositivo pode caber na ponta de um fio de cabelo humano.
"Nosso espectrômetro não requer a montagem de componentes ópticos e mecânicos separados ou projetos de matriz para dispersar e filtrar a luz," disse Hoon Yoon, da Universidade do Estado do Oregon. "Além disso, ele pode atingir uma alta resolução comparável aos sistemas de bancada, mas em um pacote muito menor."
Câmeras hiperespectrais
Os pesquisadores conseguiram substituir todos os componentes grandes usados hoje por materiais microscópicos e uma análise dos dados baseada em inteligência artificial, permitindo que os espectrômetros sejam drasticamente reduzidos em tamanho, com todos os ganhos da miniaturização.
"Nosso espectrômetro de detector único é um dispositivo tudo-em-um. Nós projetamos este laboratório optoeletrônico em um chip com inteligência artificial substituindo o hardware convencional, como componentes ópticos e mecânicos. Integrá-lo diretamente em aparelhos portáteis, como celulares e drones, pode melhorar nossas vidas diárias. Imagine que a próxima geração das câmeras dos nossos celulares poderiam ser câmeras hiperespectrais," disse Yoon.
As câmeras hiperespectrais podem capturar e analisar informações não apenas de comprimentos de onda visíveis, mas também permitem imagens e análises no infravermelho.
Os usos são enormes, e podem se tornar ainda maiores se pudermos contar com aparelhos miniaturizados. Na Medicina, por exemplo, os espectrômetros são usados para diferenciar entre tecidos saudáveis e tumores; no monitoramento ambiental, eles detectam exatamente qual tipo de poluição está no ar, na água ou no solo; na astronomia, eles separam a luz em comprimentos de onda que indicam quais elementos estão presentes nas estrelas.
Semicondutores 2D
O espectrômetro miniaturizado foi construído mesclando alguns dos semicondutores mais pesquisados hoje, camadas bidimensionais conhecidos como materiais de van der Waals, incluindo o grafeno, a molibdenita e o disseleneto de tungstênio (WSe2).
As monocamadas foram usadas para criar uma heterojunção cuja resposta à luz - quais cores a junção irá absorver e quais ela deixará passar - pode ser controlada eletricamente. Além disso, como se trata de materiais com apenas uma camada atômica de espessura, sua interação com a luz é muito forte.
"Nós alcançamos uma alta precisão no comprimento de onda de pico (~ 0,36 nanômetro), alta resolução espectral (~ 3 nanômetros), ampla largura de banda de operação (de ~ 405 a 845 nanômetros) e uma prova de conceito de imagem espectral. Nossa abordagem fornece uma rota para a ultraminiaturização e oferece desempenho sem precedentes em precisão, resolução e largura de banda de operação para espectrômetros computacionais de detector único," escreveu a equipe.