Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/04/2012
Eletrônica biológica
Você certamente já ouviu falar da eletrônica orgânica e sua promessa de dispositivos finos, flexíveis, ambientalmente corretos e mais baratos.
Na verdade, é grande a chance de que seu telefone celular tenha uma tela feita de LEDs orgânicos, ou OLEDs.
O termo "orgânico" se refere ao fato de que esses novos componentes são fabricados com elementos à base de carbono, geralmente polímeros.
Mas Jer-Wei Chang seus colegas da Universidade Nacional Cheng Kung, em Taiwan, demonstraram que a eletrônica orgânica pode ser muito mais orgânica do que se supunha - ela pode se tornar uma bioeletrônica.
A equipe criou transistores totalmente funcionais usando como elemento dielétrico a clara de ovo, diretamente aplicada no processo produtivo, sem nenhum tratamento a não ser o aquecimento - ou seja, eles usaram clara de ovo frita.
Transístor bioeletrônico
Biomateriais já são utilizados como semicondutores e como dielétricos, mas são materiais sintetizados, obtidos por meio de processos em múltiplas etapas.
"A clara de ovo parece ser o material ideal para a eletrônica orgânica, uma vez que ela é fácil de processar, largamente disponível e de baixo custo," escrevem os pesquisadores.
"O calor transforma a clara de ovo de líquido em um sólido insolúvel, conforme suas proteínas sofrem uma desnaturação irreversível, quebrando suas cadeias lineares para formar redes," explicam eles.
O transístor de efeito de campo bioeletrônico - um BioFET - foi construído depositando a albumina seca sobre óxido de índio titânio e, a seguir, colocando os eletrodos.
O rendimento do BioFET, em termos de corrente de saída, foi quase o dobro dos transistores orgânicos que usam dielétricos de polímero, como o polimetil metacrilato.
Os transistores, de tipo p e n, foram usados para construir inversores e verificar seu funcionamento na prática, o que revelou sua estabilidade.