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Transição energética depende de esforço global em inovação

Com informações da Agência Fapesp - 26/05/2021

Transição energética depende de esforço global em inovação
Quase metade da redução das emissões de CO2 do setor de energia até 2050 virá de tecnologias que atualmente estão em fase de projeto-piloto ou de protótipo.
[Imagem: Raízen/divulgação]

Tecnologias disponíveis e tecnologias necessárias

Para zerar até 2050 as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) do setor energético, de modo a limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, como estabelecido no Acordo de Paris, o mundo precisará fazer um esforço para implantar imediatamente e de forma massiva todas as tecnologias de energia eficiente e limpa já existentes, como a bioenergia.

Paralelamente a esse esforço, será preciso um grande impulso global para acelerar a inovação em energia, uma vez que, após 2030, quase metade da redução das emissões do setor virá de tecnologias que atualmente estão apenas em fase de projeto-piloto ou de protótipo, como baterias avançadas, sistemas de produção de hidrogênio e captura de CO2 do ar.

A redução nas emissões de CO2 por meio de tecnologias disponíveis hoje só sustentará as mudanças até aquele ano de 2030.

Esta é a principal conclusão de um relatório intitulado "Net Zero 2050", lançado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

"Desbloquear a próxima geração de tecnologias de baixo carbono vai requerer muito esforço em pesquisa e desenvolvimento e investimento da ordem de US$ 90 bilhões para demonstração até 2030," disse Paolo Frankl, líder da divisão de energias renováveis da IEA.

Transição energética global

Segundo o relatório, para atingir a meta da transição energética global a produção de biocombustíveis deverá triplicar nesta década para atender à demanda crescente, principalmente do setor de transporte. Já a produção de combustíveis líquidos avançados - como o etanol celulósico -, que hoje representa menos de 1% do total da produção de biocombustíveis, deve saltar para quase 45% em 2030 e para 90% em 2050.

Nesse novo cenário, a bioenergia moderna se tornaria, em 2050, a segunda maior fonte energética, sendo responsável por suprir cerca de 20% da energia total consumida globalmente. Quase oito gigatoneladas de CO2 seriam capturados por ano por uma ampla gama de soluções, que combinariam bioenergia com captura e armazenamento de carbono e, eventualmente, hidrogênio, para produzir combustíveis e produtos químicos sintéticos.

Para atingir essa meta, contudo, será preciso superar desafios, como o de obter maior consenso sobre a disponibilidade de matérias-primas, de forma sustentável, para produção de bioenergia: "Isso é fundamental para aumentar a confiança dos investidores e, em última análise, atrair mais investimentos e promover a implantação de tecnologias em bioenergia," avaliou Frankl.

Razões para otimismo

Outro desafio, segundo o pesquisador, é fortalecer a cooperação internacional. "Há um ímpeto político sem precedentes e temos pelo menos quatro motivos de otimismo em relação à transição para a energia limpa em todo o mundo", afirmou o especialista.

Uma das razões de otimismo é que pelo menos 120 países, além de empresas, apresentaram metas de zerar suas emissões líquidas de CO2 até 2050. Há uma lacuna, entretanto, entre as promessas dos países e a realidade.

Após o maior declínio de todos os tempos, em 2020, devido à crise econômica global causada pela pandemia de COVID-19, as emissões globais de CO2 devem aumentar em quase 5% em 2021, se aproximando do pico de 2019. A demanda de carvão, óleo e gás também aumentou com a recuperação da economia.

Outros motivos para otimismo em relação à transição energética global é que hoje há um dos maiores pacotes de estímulo econômico para essa finalidade, e os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram novas metas de limites de emissão de CO2 na recente Cúpula de Líderes sobre o Clima.

Bibliografia:

Artigo: Net Zero by 2050 A Roadmap for the Global Energy Sector
Autores: International Energy Agency
DOI: https://www.iea.org/reports/net-zero-by-2050
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