Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/05/2023
Torrefação de papel
Um processo para tornar as sacolas de papel mais fortes, especialmente quando molhadas, pode torná-las uma alternativa mais viável às sacolas plásticas descartáveis.
E, além de se tornarem duráveis o suficiente para serem usados várias vezes, quando finalmente forem descartadas elas podem ser decompostas quimicamente por um tratamento alcalino, resultando em matéria-prima para a produção de biocombustíveis.
Jaya Tripathi, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, conseguiu tudo isso com um processo inovador no qual a celulose do papel passa por um processo de torrefação, semelhante ao usado na preparação do café.
Tripathi descobriu que, quando a celulose é torrada em um ambiente privado de oxigênio, sua resistência à tração aumenta consideravelmente, mesmo que o papel seja molhado, obtendo um resultado que é muito superior às alternativas existentes.
O ganho em resistência à tração chegou a 557% quando o papel passa por uma torrefação a 260 ºC.
"O uso de processos químicos caros para aumentar a resistência a úmido diminui os recursos ecologicamente corretos e econômicos do papel para aplicação comercial, portanto é necessário explorar técnicas não químicas para aumentar a resistência a úmido das sacolas de papel. A torrefação pode ser a resposta," disse a pesquisadora.
Matéria-prima para biocombustíveis
Embora as sacolas de papel torrefadas sejam mais duráveis, Tripathi queria também garantir uma rota para sua reciclagem.
Como a torrefação diminui o conteúdo de glicose no papel, a pesquisadora então tratou o papel com uma solução de hidróxido de sódio, também conhecido como soda cáustica, o que aumentou o conteúdo de glicose, tornando o papel uma fonte melhor para a produção de biocombustíveis.
Como muitas descobertas científicas, Tripathi aprendeu sobre a sinergia da torrefação e do tratamento alcalino para aumentar a capacidade do papel acidentalmente.
"Eu estava procurando outra coisa, estudando como a torrefação afeta a celulose para produção de glicose para uso como substrato de biocombustível," contou ela. "Mas notei que a resistência do papel aumentava à medida que torrificávamos a celulose. Isso me fez pensar que provavelmente ele seria bom para embalagem, uma aplicação totalmente diferente." E deu certo.