Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/09/2020
Termômetro de diamante
Medir a temperatura de objetos em escala nanométrica tem sido um desafio, especialmente em amostras biológicas vivas, devido à falta de nanotermômetros precisos e confiáveis.
É por isso que o campo das ciências biomédicas e das nanociências está comemorando o feito de Masazumi Fujiwara e colegas da Universidade de Osaka, no Japão.
Fujiwara criou um termômetro confiável e preciso que não apenas funciona em animais microscópicos vivos, como também informa as mudanças de temperatura em tempo real.
O nanotermômetro é uma fusão da microscopia óptica de fluorescência com a tecnologia quântica, mais especificamente com a detecção de variações nos spins quânticos de diamantes em nanoescala, variações estas que são dependentes da temperatura. O mecanismo é o mesmo usado para criar qubits nos diamantes, usando pequenos "defeitos" na estrutura cristalina, conhecidos como vacâncias de nitrogênio.
A temperatura altera o spin dos elétrons no nanodiamante fluorescente, permitindo sua leitura direta pelo microscópio - os dados são interpretados por um algoritmo de computador.
Termometria
Para testar o conceito in vivo pela primeira vez, a equipe decorou a superfície dos nanodiamantes com estruturas de polímero e os injetou em vermes nematódeos C. elegans, um dos modelos de animais mais populares da biologia.
Uma vez dentro do organismo do verme, os nanodiamantes se moveram rapidamente, mas um algoritmo de termometria quântica conjugado ao microscópio permitiu rastreá-los e medir continuamente a temperatura com uma precisão de 0,22 °C.
Depois de descobrir a temperatura saudável básica dos vermes, a equipe induziu uma "febre" nas cobaias estimulando suas mitocôndrias com um tratamento farmacológico. O termômetro quântico observou com sucesso o aumento de temperatura e o monitorou durante toda a sua duração.
"Foi fascinante ver a tecnologia quântica funcionar tão bem em animais vivos e eu nunca imaginei que a temperatura de minúsculos vermes com menos de 1 mm de tamanho pudesse se desviar da norma e se transformar em febre," disse Fujiwara. "Nossos resultados são um marco importante que guiará a direção futura do sensoriamento quântico, pois mostra como ele contribui para a biologia."