Com informações do MIT - 24/01/2011
O poder da convergência
Um novo modelo para a pesquisa científica, batizado de "convergência", tem potencial para permitir avanços revolucionários na biomedicina e em outras áreas da ciência.
A proposta foi defendida por um grupo de 12 pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, durante um fórum organizado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).
Segundo os pesquisadores, a tendência da convergência - que envolve a fusão das ciências da vida, física e engenharia - pode promover as inovações necessárias para atender, por exemplo, à crescente demanda por cuidados de saúde acessíveis, com preços acessíveis.
"A convergência é um repensar amplo na forma como toda a investigação científica pode ser realizada, para que possamos capitalizar uma série de bases de conhecimento, da microbiologia à informática, passando pelos projetos de engenharia," afirmou Phillip Sharp, Nobel de Biologia em 1993 e um dos autores do relatório.
"Ela envolve a colaboração entre grupos de pesquisa, mas, mais profundamente, a integração das abordagens disciplinares que eram originalmente vistas como separadas e distintas. Esta fusão de tecnologias, processos e dispositivos em um todo unificado irá criar novos caminhos e novas oportunidades para o avanço científico e tecnológico," disse Sharp.
Terceira Revolução
Sharp e os outros autores do artigo afirmam que a convergência tem potencial para criar uma "Terceira Revolução" na área da biomedicina, que poderá ser tão profunda quanto as duas revoluções das ciências da vida que a precederam: as descobertas que acompanharam o desenvolvimento da biologia molecular e celular, e o sequenciamento do genoma humano, que tornou possível identificar as bases genéticas de muitas doenças.
A convergência também fornece as bases para lidar com os desafios médicos e de saúde do futuro, que só irão aumentar com a maior longevidade da população, quando doenças como o Alzheimer irão se tornar mais prevalentes.
O relatório, "A Terceira Revolução: A Convergência das Ciências da Vida, Ciências Físicas e Engenharia", destaca o impacto que a convergência já está tendo em vários campos.
Assim como os avanços na tecnologia da informação, de materiais, imagens, nanotecnologia e áreas afins - juntamente com os avanços em modelagem computacional e simulações- transformaram as ciências físicas, da mesma forma eles estão começando a transformar as ciências da vida.
O resultado são novos campos de pesquisas relacionados à biologia, tais como a bioengenharia, biologia computacional, biologia sintética e engenharia de tecidos.
Ao mesmo tempo, modelos biológicos, voltados ao entendimento de sistemas auto-organizados complexos, já estão transformando a engenharia e as ciências físicas, tornando possíveis avanços na área de biocombustíveis, alimentos, automontagem viral e muito mais.
Cientistas da convergência
O relatório dá uma ênfase especial à biomedicina, um campo que já está sendo transformado pela convergência.
Por exemplo, os cientistas estão usando nanopartículas para transportar e liberar drogas anticâncer diretamente nas células cancerosas, para desenvolver medicamentos que combatem doenças sem danificar os tecidos e as células saudáveis, e para melhorar os modelos preditivos das doenças.
O relatório afirma que o sucesso do modelo de convergência depende de um apoio financeiro adequado e de incentivos a pesquisas que cruzam as fronteiras das áreas tradicionais de pesquisa.
Entre outras recomendações do relatório estão o estabelecimento de um "ecossistema de convergência", que poderia criar conexões entre as agências de financiamento, a reforma do processo de revisão por pares para dar apoio a financiamentos interdisciplinares, e a formação e apoio a uma nova geração de cientistas da convergência.