Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/08/2022
Nuvens de gemas preciosas
Dando início a um de seus principais objetivos científicos, o de observar a atmosfera de exoplanetas, o telescópio espacial James Webb está começando a verificar que essas atmosferas podem ser mais ricas do que se imaginava - e isto em um sentido duplo.
Acontece que os planetas gigantes gasosos, também chamados de "júpiteres quentes", orbitam tão perto de suas estrelas que o calor é suficiente para vaporizar elementos rochosos, fazendo minerais e metais existirem na forma de vapor em suas atmosferas, que superam os 2.000 ºC.
E, entre esses minerais vaporizados, estão minerais que aqui na Terra são considerados gemas valiosas: pedras preciosas ou semipreciosas.
"Na Terra, muitos desses minerais são joias," disse Tiffany Kataria, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. "Um geólogo os estudaria como rochas na Terra. Mas eles podem formar nuvens em exoplanetas. Isso é muito selvagem."
E, além de nuvens de rubis ou safiras parecerem encantadoras, detectar esses minerais na atmosfera de um exoplaneta também representa um passo gigantesco no conhecimento científico.
"As nuvens nos dizem muito sobre a química na atmosfera," disse Kataria. "Então, torna-se uma questão de como as nuvens se formaram e a formação e evolução do sistema como um todo."
As teorias e alguns primeiros indícios já apontavam há algum tempo sobre possibilidades intrigantes, incluindo um planeta de carbono com montanhas de diamantes e um planeta com o equivalente a "três Terras" de diamante - mas não leve tão a sério a história de um "asteroide bilionário", que deixaria ricos todos os habitantes da Terra.
Pedras preciosas e materiais valiosos
As primeiras observações do Webb indicam a presença de coríndon e perovskita - o primeiro é um óxido de alumínio cujas colorações variadas o colocam na classe das pedras preciosas, enquanto a perovskita é uma família de minerais que vem chamando mais a atenção pelo seu desempenho na fabricação de células solares e LEDs.
Mas os astrônomos esperam encontrar muito mais conforme as observações prosseguem, já que mesmo telescópios terrestres, como o VLT, já conseguiram detectar titânio na atmosfera do exoplaneta WASP-19b e uma chuva de ferro no exoplaneta WASP-76b.
Os instrumentos do Webb permitirão um detalhamento muito maior, identificando nuvens de diferentes elementos e moléculas, mostrando a "riqueza" dessas exoatmosferas em maiores detalhes.