Com informações da BBC - 13/12/2012
Longe e antiga
Astrônomos conseguiram imagens das áreas mais distantes do universo já registradas com o telescópio espacial Hubble.
Eles identificaram seis novas galáxias que se formaram apenas algumas centenas de milhões de anos depois do Big Bang.
O novo estudo, realizado por especialistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e da Universidade de Edimburgo, na Escócia, também atualizou a estimativa de distância de uma sétima galáxia, colocando-a em uma posição ainda mais distante no tempo do que qualquer outro objeto já identificado até então.
Chamada de UDFj-39546284, a galáxia foi localizada a uma distância equivalente a quando o universo tinha apenas 3% de sua idade atual.
Espaço como medida de tempo
A nova pesquisa com as imagens do Hubble dá a ideia mais clara de como foram os primeiros anos da história do Universo.
As informações dão apoio à ideia de que as primeiras galáxias aglomeraram suas estrelas de uma forma mais suave e não em uma explosão súbita, como se acreditava antes.
"Claro que o objeto mais distante é interessante, mas é o 'recenseamento' - a contagem dos sete objetos - que nos dá a primeira indicação da população no coração desta era", disse o professor Richard Ellis, do Caltech.
A luz vinda dos objetos mais remotos teve seu início como uma emissão ultravioleta (comprimento de onda mais curto) e, em seguida, foi esticada pela expansão do universo até se transformar em infravermelha (mais longa). Pelo fato de ter sido necessário tanto tempo para que esta luz nos atingisse, as observações do projeto estão na verdade olhando para o passado.
Os objetos captados pelo recenseamento estelar realizado pelo Hubble estão tecnicamente localizados em uma faixa de período de tempo que vai de cerca de 600 milhões de anos a 380 milhões de anos depois do Big Bang. Atualmente, pesquisadores sugerem que o Big Bang ocorreu há cerca de 13,77 bilhões de anos.
Populações estelares
Os cientistas analisam estas áreas tão distantes no tempo e espaço para obter mais informações sobre o desenvolvimento das estruturas do universo, para ajudar a explicar a forma atual do cosmo.
Eles procuram dados sobre as primeiras populações de estrelas. Estes "gigantes quentes" teriam crescido de nuvens de gás frio e neutro que compunham o universo jovem.
Estes corpos celestes tinham vidas curtas, produzindo os primeiros elementos pesados. Elas também queimaram o gás neutro à sua volta, arrancando elétrons dos átomos e produzindo o plasma difuso intergalático que ainda é possível detectar entre as estrelas.
O professor James Dunlop, da Universidade de Edimburgo e que participou do projeto, afirma que quando as seis galáxias são analisadas, elas "parecem razoavelmente maduras".
"Elas têm uma quantidade razoável de elementos pesados de gerações anteriores de estrelas", disse.
"Então, de certa forma, a mensagem é que nós ainda não estamos vendo a primeira geração de estrelas, a chamada População 3 de estrelas. Mesmo quando chegamos ao que temos agora, menos de 5% da idade do universo, ainda estamos vendo a segunda geração, objetos relativamente evoluídos," complementa.
Mas, será muito difícil ir mais longe com o Hubble. Para isto, os cientistas terão que esperar até que o telescópio espacial James Webb seja lançado, algo que está previsto apenas para 2018.