Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/05/2013
Lixo voador
A NASA divulgou um episódio ocorrido no dia 29 de Março último que quase resultou na destruição do telescópio espacial Fermi, projetado para a observação dos raios gama, a radiação de mais alta energia no Universo.
Tudo começou quando a chefe da missão, Julie McEnery, recebeu por e-mail alerta enviado automaticamente pelo sistema CARA (Robotic Conjunction Assessment Risk Analysis), que detecta o risco de colisões entre satélites, sondas e naves espaciais e pedaços de lixo espacial.
Segundo o alerta, o Cosmos 1805, um satélite espião da época da Guerra Fria, atualmente desativado, passaria a 210 metros de distância do Fermi.
Poderia até parecer muito, mas esta distância é menor do que a incerteza na previsão.
Por exemplo, em 2009, as estimativas de que o satélite russo Cosmos 2251 passaria a 580 metros do satélite de comunicações Iridium 33 resultou em uma colisão espacial que destruiu os dois e gerou milhares de detritos espaciais.
Com uma velocidade relativa de 43.500 km/h, uma colisão entre o Fermi e o Cosmos 1805 liberaria uma energia equivalente a 2,5 toneladas de explosivos, gerando mais uma nuvem de lixo espacial.
Mesmo ponto no espaço
Embora, com o passar dos dias, as previsões ficassem mais precisas, os dados resultaram em uma preocupação ainda maior: os dois satélites ocupariam o mesmo ponto no espaço com uma diferença de meros 30 milissegundos.
Outra preocupação era que, embora o Fermi tenha foguetes e combustível para se movimentar, este aparato de navegação foi projetado para ser usado quando o observatório de raios gama chegasse ao fim de sua vida útil, trazendo-o para queimar na reentrada na atmosfera. Ou seja, o sistema nunca havia sido testado.
A dúvida final era para onde levar o telescópio, já que ele poderia entrar em rota de colisão com outro detrito espacial.
Finalmente, no dia 3 de Abril, os foguetes do Fermi foram acionados por 1 segundo, o suficiente para tirá-lo do alcance do satélite ameaçador, mas mantendo-o em uma órbita segura para o futuro imediato.
No momento previsto, os satélites cruzaram em órbitas perpendiculares a uma distância de 9,6 km.