Espaço

Telescópio espacial procurará exoplaneta habitável mais próximo da Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/11/2021

A tecnologia de pupila difrativa permitirá construir um telescópio espacial extremamente compacto.
[Imagem: Breakthrough Initiatives]

Planeta habitável vizinho

Antes de partirmos para a nossa primeira viagem interestelar, astrônomos pretendem dar uma olhada detalhada em nosso destino.

Acaba de ser anunciado o projeto de um novo telescópio que será capaz de encontrar exoplanetas na zona habitável do sistema estelar mais próximo de nós, a quatro anos-luz de distância.

O projeto é fruto de uma iniciativa da entidade Breakthrough Initiatives, uma entidade com vários programas de pesquisa em busca de sinais de vida fora da Terra, que contará com o apoio da NASA (EUA) e da universidade de Sydney e da empresa Saber Astronautics, na Austrália.

"Nossos vizinhos estelares mais próximos - os sistemas Alfa Centauro e Próxima Centauro - estão se mostrando extraordinariamente interessantes. A missão Toliman será um grande passo para descobrir se existem lá planetas capazes de sustentar vida," disse o professor Pete Worden, coordenador da missão.

Alfa Centauro é um sistema triplo, com duas estrelas muito parecidas com o nosso Sol, enquanto a terceira é Próxima Centauro, uma anã vermelha onde há indícios de haver um planeta na zona habitável, descoberto em 2016.

Toliman é o nome árabe adotado na Antiguidade para Alfa Centauro.

As estrelas mais próximas de nós, como vistas por um telescópio comum (à direita em cima) e como elas serão vistas pelo Toliman (à direita embaixo).
[Imagem: NASA]

Enxergando exoplanetas

Mesmo que ele esteja ao redor da estrela mais próxima de nós, observar um exoplaneta diretamente é um grande desafio tecnológico, o que a equipe acredita só poder ser feito de forma confiável e inequívoca com um equipamento projetado especificamente para isso.

"Nossa missão Toliman lançará um telescópio espacial customizado que fará medições extremamente precisas da posição da estrela no céu. Se houver um planeta orbitando a estrela, ele fará a estrela balançar, denunciando-se por meio de uma oscilação pequena, mas mensurável," disse Eduardo Bendek, da NASA.

Embora Toliman seja um termo árabe, a equipe conseguiu encaixar na palavra uma sigla que mostra a técnica do novo telescópio espacial: "Telescópio para monitoramento interferométrico do locus orbital de nossa vizinhança astronômica (Telescope for Orbit Locus Interferometric Monitoring of our Astronomical Neighbourhood).

A luz é coletada apenas nas 10 seções elípticas. No centro, a imagem simulada de uma estrela isolada, e, à direita, a simulação de como os astrônomos esperam visualizar Alfa Centauro.
[Imagem: Breakthrough Initiatives]

Pupila difrativa

O novo telescópio usa uma técnica que consiste em usar um padrão de espelho conhecido como "pupila difrativa". Em vez de concentrar a luz das estrelas em um feixe de foco estreito, como geralmente é feito pelos sistemas ópticos, o Toliman criará um padrão de luz muito complexo, parecido com uma flor.

Embora a imagem pareça muito menos nítida aos olhos humanos, esse padrão complexo paradoxalmente torna mais fácil detectar as minúsculas variações nas medições que irão apontar as eventuais oscilações que um planeta induz no movimento da estrela.

Apesar de alcançar uma precisão inédita nas variações da posição de uma estrela, o telescópio terá apenas 30 centímetros de abertura, o que o torna uma missão de baixo custo. A equipe pretende ter o telescópio pronto em 18 meses e contar com ele no espaço para uma missão científica de pelo menos três anos.