Com informações da ESA - 02/05/2013
Hélio líquido
O telescópio espacial Herschel chegou ao fim de sua missão científica, ao se esgotar seu depósito de hélio líquido, pondo fim a mais de três anos de observações pioneiras do chamado "universo frio".
O final da vida útil do Herschel não foi inesperado: a missão começou com mais de 2.300 litros de hélio líquido, os quais foram evaporando lentamente desde a véspera do lançamento do Herschel, em 14 de maio de 2009.
O hélio líquido era essencial para resfriar os instrumentos do telescópio até perto do zero absoluto, permitindo ao Herschel fazer observações altamente sensíveis.
A confirmação de que o hélio tinha finalmente terminado chegou na tarde de segunda-feira, 29 de abril, no início da sessão de comunicação diária da sonda com a sua estação de terra no oeste da Austrália, ao ser detectado um aumento claro das temperaturas medidas em todos os instrumentos do Herschel.
"O Herschel superou todas as expectativas, proporcionando-nos um incrível conjunto de dados preciosos que irá manter os astrônomos ocupados por muitos anos," disse o professor Álvaro Giménez Cañete, diretor do programa Ciência e Exploração Robótica da ESA (Agência Espacial Europeia).
O Herschel fez mais de 35 mil observações científicas, correspondendo a mais de 25 mil horas de dados científicos de cerca de 600 programas de observação.
Além disso, duas mil horas de observações de calibração contribuem também para enriquecer o valoroso conjunto de dados.
Após mais algumas observações e checagens dos instrumentos, o controle da missão acionará os motores do Herschel para colocá-lo em uma órbita tranquila ao redor do Sol. Dentro de algumas centenas de anos ele passará novamente próximo à Terra.
Universo frio
O arquivo de dados da missão, a herança da missão do Herschel, deverá proporcionar ainda mais descobertas do que aquelas que já foram publicadas durante a vida útil do telescópio espacial.
O Herschel produziu uma nova visão do Universo escondido, revelando processos desconhecidos do nascimento de estrelas e da formação de galáxias.
As imagens impressionantes do Herschel de complexas redes de poeira e filamentos de gás dentro da Via Láctea estão possibilitando a construção de uma espécie de história ilustrada da formação de estrelas.
Estas observações singulares no infravermelho deram aos astrônomos uma nova visão sobre como a turbulência mexe com os gases no meio interestelar, dando origem a uma estrutura tipo rede filamentosa dentro de nuvens moleculares frias.
Se as condições forem adequadas, a gravidade fragmenta os filamentos em núcleos compactos.
Profundamente enraizadas dentro desses núcleos estão proto-estrelas, as sementes de novas estrelas que aquecem suavemente a poeira à sua volta apenas alguns graus acima do zero absoluto, revelando as suas posições aos olhos sensíveis ao calor do Herschel.