Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/04/2018
Pesquisas de exoplanetas em trânsito
Subiu ao espaço no começo da noite desta quarta-feira o observatório espacial TESS - Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou satélite de pesquisas de exoplanetas em trânsito, em tradução livre.
É a primeira missão da NASA desde que o telescópio espacial Kepler, lançado em 2009, transformou a ciência de descobrir exoplanetas de buscas de agulhas em palheiros para um levantamento de rotina. O Kepler descobriu mais de 2.600 exoplanetas, mas infelizmente teve uma morte prematura - pelo menos em sua missão principal -, quando suas rodas de reação, que permitiam mantê-lo alinhado, apresentaram defeito.
O objetivo do TESS é não apenas encontrar exoplanetas pela técnica do trânsito planetário - observando as variações da luz das estrelas quando os planetas passam à sua frente - como também começar a estudar esses planetas extrassolares observando suas atmosferas.
Quase 80% dos cerca de 3.700 exoplanetas cuja existência já foi confirmada até agora foram descobertos pela técnica do trânsito. E, ao estudar em detalhes a luz das estrelas, em busca de suas variações, os astrônomos poderão usar os dados para estudar as próprias estrelas, uma vez que sua luz traz uma ampla gama de informações, da temperatura à composição da estrela.
Exoplanetas menores e mais próximos
O TESS terá mais vantagens em relação ao Kepler do que equipamentos mais novos e mais modernos: ele enxergará com mais precisão, rastreará uma porção maior do céu e, mais importante, começará a estudar a atmosfera dos exoplanetas - até que o telescópio espacial James Webb, cujo lançamento foi mais uma vez adiado, chegue ao espaço e faça isso com maior precisão.
"Há muito interesse em procurar bioassinaturas como as da Terra, como metano, dióxido de carbono, vapor de água e oxigênio," explicou Paul Hertz, diretor de astrofísica da NASA.
O TESS começará catalogando milhares de estrelas. Enquanto o Kepler fez a maior parte das suas descobertas em estrelas localizadas entre 300 e 3.000 anos-luz de distância - longe demais para estudos da atmosfera com a tecnologia atual - o TESS irá se concentrar na faixa de 30 a 300 anos-luz de distância. Isso deverá permitir encontrar exoplanetas menores, com mais chances de serem rochosos como a Terra - e não gigantes gasosos, como Júpiter ou Saturno - e que poderão ser estudados em detalhes com outros telescópios, como o VLT.
Para a missão inicial, durante os primeiros dois anos, o céu foi dividido em 26 setores. As quatro câmeras de campo amplo do telescópio irão mapear 13 setores que abrangem o céu austral - hemisfério Sul - durante o primeiro ano e 13 setores do céu do Norte durante o segundo ano, cobrindo 85% do céu.
Entre a Terra e a Lua
A expectativa é que o TESS continue trabalhando por muitos anos. Para isso, a NASA projetou uma órbita em que o observatório aproveita um ponto de equilíbrio entre as gravidades da Terra e da Lua, o que permitirá usar muito pouco combustível.
Ao longo das próximas semanas, o TESS colocará seus motores de propulsão em funcionamento seis vezes, para passar por uma série de órbitas cada vez mais alongadas, até alcançar a Lua, que então fornecerá uma assistência gravitacional para que o telescópio possa se transferir para sua órbita final de 13,7 dias em torno da Terra.
Após aproximadamente 60 dias de verificação e teste dos instrumentos, o telescópio deverá entrar em modo científico, começando seu trabalho para valer.