Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/03/2016
A frieza dos supercondutores
Supercondutores são materiais que conduzem eletricidade sem perda de energia, o que permite produzir campos magnéticos muito fortes.
Por isso eles são usados em equipamentos médicos, circuitos eletrônicos ultrarrápidos e em trens de levitação magnética, que usam ímãs supercondutores para fazer o trem flutuar acima dos trilhos, eliminando o atrito.
Esses materiais só não revolucionam quase toda a base industrial, sobretudo no setor de energia, porque eles só funcionam em temperaturas muito baixas, o que exige nitrogênio ou hélio líquidos para mantê-los na temperatura ideal, sem a qual eles perdem a supercondutividade.
Supercondutor feito com laser
Agora, pesquisadores descobriram uma maneira de fazer com que materiais se tornem supercondutores - por breves períodos - em temperaturas mais altas usando um laser, ou seja, um supercondutividade fotoinduzida.
Além do fato de serem materiais muito mais baratos do que as complexas cerâmicas que formam os supercondutores atuais, o que chama a atenção é a técnica usada para transformar um material que é normalmente isolante em um material que conduz eletricidade sem qualquer resistência.
Matteo Mitrano, do Instituto Max Planck, na Alemanha, simplesmente disparou um laser em um arranjo de fulerenos C60 - também conhecidos como buckyballs - "dopados" com átomos de potássio.
O material que se formou torna-se supercondutor a -170º C, o que é bem quente para supercondutores. E a equipe está de olho na temperatura ambiente.
Supercondutores a temperatura ambiente
A descoberta é um desdobramento de um efeito identificado pela mesma equipe em 2013, mas trabalhando com laser disparado sobre cupratos, cerâmicas tipicamente complexas - os fulerenos são muito mais simples, o que eventualmente poderá ajudar a compor uma teoria melhor para a supercondutividade, que anda carente de explicações.
"Nossa pesquisa mostrou que podemos usar lasers para tornar um material supercondutor a temperaturas muito mais elevadas do que ele seria naturalmente. Tendo dado este primeiro passo, meus colegas e eu vamos tentar encontrar outros supercondutores que possam ser forçados a funcionar a temperaturas ainda mais elevadas, possivelmente até mesmo à temperatura ambiente.
"Embora seja um pequeno pedaço de um grande quebra-cabeça, nossos resultados fornecem uma nova rota para a fabricar e controlar a supercondutividade que pode ajudar a estimular futuras inovações," disse o professor Stephen Clark, da Universidade de Bath, membro da equipe.