Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/11/2010
Ciência boa, administração ruim
"Os problemas que estão causando a elevação dos custos e os atrasos no cronograma do Projeto JWST estão associados com problemas de orçamento e de gestão do programa, e não por questões de desempenho técnico."
É assim que começa um relatório independente que revisou o projeto do James Webb Space Telescope (JWST), um super telescópio que deverá substituir, e superar largamente, o telescópio espacial Hubble.
A avaliação foi pedida pela senadora Barbara Mikulski, que afirma apoiar a astronomia espacial, mas não que não gosta de orçamentos furados.
E ela parecia ter razão. A comissão independente avaliou que a própria NASA não percebeu erros no orçamento original e que tampouco os gerentes do projeto tomaram as medidas adequadas.
A NASA respondeu que "não tinha o pessoal necessário" para fazer o trabalho na época e já trocou os administradores da missão.
Telescópio James Webb
O James Webb já consumiu US$ 5 bilhões e ainda precisará de outro US$1,5 bilhão.
O problema maior é que nem todo esse dinheiro já está garantido: o projeto deverá conseguir pelo menos mais US$200 milhões adicionais em 2011 e outros US$200 milhões em 2012.
Os prejuízos já são líquidos e certos: o James Webb sofrerá novo atraso e é mais provável que seja lançado no período entre 2015 e 2017. O cronograma inicial previa o lançamento em 2011, e o atual estabelecia o lançamento para 2014.
O James Webb terá um espelho de berílio de 6,5 metros, quase três vezes maior do que o espelho do Hubble. Ele "enxergará" o Universo na faixa visível do espectro, mas será otimizado principalmente para a observação na faixa infravermelha.
Um de seus objetivos será identificar as mais distantes galáxias, que se formaram quando o Universo era muito jovem, e tentar ligar a formação da Via Láctea com o Big Bang.
Blocos básicos da vida
A missão abarcará quatro áreas científicas principais:
Primeiras luzes e a Reionização vai procurar identificar os primeiros objetos luminosos que se formaram no Universo primordial e acompanhar a era da ionização.
Formação das Galáxias, que irá determinar como as galáxias, e a matéria escura, incluindo gás, estrelas, metais, estruturas físicas (como braços espirais) e núcleos ativos, evoluíram até os dias atuais.
A Pesquisa sobre o Nascimento das Estrelas e dos Sistemas Protoplanetários irá focar no nascimento e no desenvolvimento inicial das estrelas e na formação dos planetas.
Sistemas Planetários e as Origens da Vida irá estudar as propriedades físicas e químicas dos sistemas planetários (incluindo o nosso) e onde os "blocos básicos de construção da vida" podem estar presentes.