Com informações da New Scientist - 27/08/2015
"Se você sentir que está em um buraco negro, não desista, há uma saída."
A frase é de Stephen Hawking, anunciando sua nova teoria em uma conferência realizada nesta semana em Estocolmo, na Suécia.
Pode parecer um tanto paradoxal, uma vez que, no início do ano passado, ele havia afirmado que buracos negros não existem - mas a nova teoria é matematicamente compatível com aquela.
Paradoxos e horizontes
A teoria mais aceita - há quem diga que buracos negros podem não existir e até que buracos negros são matematicamente impossíveis - afirma que buracos negros são estrelas que entraram em colapso sob sua própria gravidade, produzindo forças gravitacionais tão fortes que nem a luz consegue escapar. Em outras palavras, caiu no buraco negro, pode desistir.
Contudo, os físicos têm discutido há mais de 40 anos sobre o que acontece com a informação sobre o estado físico desses objetos que desaparecem para sempre. A mecânica quântica diz que essa informação não pode ser destruída, mas a relatividade geral diz que ela deve ser destruída - este é o famoso paradoxo da informação.
A rigor, a perda de informação significa que todos os buracos negros são iguais, variando apenas em massa e velocidade de rotação - algo que os físicos curiosamente chamam de buracos negros sem cabelos.
Agora Hawking está defendendo que a informação das partículas nunca chega ao buraco negro propriamente dito: "Proponho que a informação seja armazenada não no interior do buraco negro como se poderia esperar, mas na sua fronteira, no horizonte de eventos."
O horizonte de eventos é a esfera imaginária em torno de um buraco negro a partir de onde nada consegue fugir da sua gravidade - mas, em 2014, o próprio Hawking propôs a substituição do horizonte de eventos por um "horizonte aparente".
Ele agora está sugerindo que as informações sobre as partículas que atravessam o horizonte fatal são "traduzidas" em uma espécie de holograma - uma descrição 2D de um objeto 3D - que fica na superfície do horizonte de eventos. "A ideia é que as supertraduções são um holograma das partículas entrantes. Assim, eles contêm todas as informações que, de outra forma, seriam perdidas."
Como escapar do buraco negro
Mas como é que isso ajuda alguém, ou alguma coisa, a escapar do buraco negro?
Na década de 1970 Hawking introduziu um conceito que passou a ser conhecido como radiação Hawking - fótons emitidos pelos buracos negros, devido a flutuações quânticas, que efetivamente escapam para o espaço exterior.
Originalmente ele disse que essa radiação não traria informações para fora do buraco negro, mas em 2004 ele mudou de ideia, mantendo o paradoxo da informação. Agora Hawking novamente acredita ter resolvido o paradoxo, permitindo que a informação escape a partir do holograma, e não do buraco negro propriamente dito.
Mas ele acrescentou que não se deve esperar nenhuma mensagem vinda de dentro de um buraco negro: "A informação sobre as partículas entrantes é devolvida, mas de uma forma caótica e inútil," disse ele. "Para todos os efeitos práticos, a informação é perdida."
Ou seja, ao contrário do que ele disse no início da palestra, se você sentir que está caindo em um buraco negro, talvez seja melhor desistir.