Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/09/2022
Primeiro teste de defesa planetária
Após 10 meses de viagem, a sonda espacial DART, sigla em inglês para "Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo", acertou em cheio o asteroide Dimorphos, nesta que foi a primeira demonstração de uma tecnologia de defesa planetária.
Acertar o asteroide de apenas 160 metros de diâmetro, localizado a 11 milhões de quilômetros de distância, foi uma ótima mira - o asteroide Dimorphos, ou Didymos B, é uma espécie de minilua, orbitando outro asteroide maior, o Didymos A, que tem aproximadamente 780 metros de diâmetro.
A grande surpresa inicial foi a aparência do asteroide, um conglomerado de solo e pedaços de rochas, salpicado de pedras de todos os tamanhos.
As fotos feita pela câmera da sonda conforme ela se aproximava de Dimorphos mostraram um corpo em tudo parecido com o asteroide Ryugu, visitado pela sonda espacial japonesa Hayabusa 2 há dois anos, e com o asteroide Bennu, visitado pela OSIRIS-REx há quatro anos.
Até essas primeiras explorações, os cientistas acreditavam que asteroides fossem essencialmente rocha sólida e densa, apenas uma pedra gigantesca, que os geólogos comumente chamam de matacão - afinal, é assim que são os meteoritos, os restos de asteroides que caem na Terra.
Mas o que agora se confirma, com três observações diferentes, é que os asteroides são aglomerados de solo, rocha e poeira, o que os geólogos chamam de conglomerado - além da composição, os geólogos têm-se perguntado por que essas pedras espaciais não têm formato redondo.
Essa composição é uma boa notícia para missões de defesa planetária, uma vez que conglomerados têm densidade muito menor do que matacões, podendo ser mais fáceis de desviar. De fato, amostras trazidas de Ryugu pela Hayabusa 2 mostraram que o asteroide tem uma densidade incrivelmente baixa.
Filmagem e alteração da órbita
Além das fotos feitas pela própria sonda DART conforme se aproximava do asteroide, o choque foi filmado à distância pelo pequeno satélite LICIACube, fabricado pela Agência Espacial Italiana, e que viajou junto com a DART, separando-se dela cerca de um mês atrás.
Mas a antena do LICIACube é muito pequena, o que significa que levará semanas para que suas imagens sejam transmitidas para a Terra. A grande expectativa é que ela tenha conseguido captar a nuvem de detritos ejetados pelo choque da sonda com Dimorphos.
Também teremos que esperar meses para verificar o efeito do impacto sobre o asteroide. Para isso, dezenas de telescópios ao redor da Terra e no espaço vão observar o asteroide binário, para checar como o impacto alterou a órbita de Dimorphos em torno de seu companheiro maior.
A órbita de Dimorphos em torno de Didymos leva 11 horas e 55 minutos, a uma velocidade de 19 centímetros por segundo. A expectativa mais conservadora para que o resultado do impacto da DART seja considerado um sucesso é de uma alteração de 73 segundos nessa órbita, mas alguns membros da missão são mais otimistas, esperando uma alteração de até 10 minutos.
Este será o resultado principal, que ajudará a validar a técnica de impacto como um método confiável para a deflexão de asteroides.
Os dados ajudarão a melhorar os modelos científicos para prever a eficácia desse método contra asteroides de outras dimensões e viajando em diferentes velocidades, eventualmente rumando para a Terra.
E, daqui a aproximadamente quatro anos, a missão Hera, da Agência Espacial Europeia, realizará pesquisas detalhadas de Dimorphos e Didymos, com foco particular na cratera deixada pela colisão da DART, além de uma medição mais precisa da massa de Dimorphos, um dado essencial para se calcular a massa ideal de um projétil para se obter uma determinada deflexão de um asteroide.