Com informações da Agência USP - 24/02/2014
Telescópio espacial Plato
Cientistas e engenheiros brasileiros de algumas das principais universidades e centros de pesquisas em astronomia do País terão participação ativa na missão espacial PLATO, uma sonda caçadora de exoplanetas que será lançada pela Agência Espacial Europeia - ESA.
Segundo o professor Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, e responsável pelo Comitê PLATO no Brasil, a exploração de planetas em torno de estrelas além do Sol (planetas extrassolares, ou exoplanetas) é um dos temas mais interessantes da ciência do século 21.
Ele explica que um dos objetivos desta pesquisa é descobrir e entender as propriedades de outros mundos semelhantes à Terra em nossa vizinhança.
O professor Janot conta que, entre os cientistas brasileiros que integram a missão, estão engenheiros de algumas das principais universidades e centros de pesquisas em astronomia do País. Entre outras ele cita a USP, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Observatório Nacional, Universidade Mackenzie e Fundação Mauá de Engenharia.
Decifrando exoplanetas
Os cientistas brasileiros têm interesses em temas de engenharia, como sistemas eletrônicos (hardware) a serem utilizados no desenvolvimento dos software de voo e de controle de atitude, processamento embarcado de sinais e correções de "jitter" nas curvas de luz.
Em astrofísica, assuntos dos mais variados serão abordados pelos brasileiros: sismologia estelar, estrelas variáveis, anãs brancas, rotação estelar, evolução comparada do Sol, galáxias próximas, e exoplanetas (determinações orbitais e marés).
O consórcio que conduzirá a missão é dirigido pela doutora Heike Rauer da DLR, a agência espacial alemã. Ela prevê que o PLATO começará um capítulo completamente novo na exploração de planetas extrassolares.
"Vamos encontrar planetas que orbitam sua estrela na "zona 'habitável', região que pode propiciar a existência de vida: são planetas onde se espera que exista água líquida, e onde a vida como a conhecemos pode ser mantida," afirmou.
O observatório PLATO irá medir os tamanhos, massas e idades dos sistemas planetários que encontrar. Por isso, poderão ser feitas comparações detalhadas com nosso próprio Sistema Solar.
Telescópio múltiplo
PLATO é um tipo de telescópio espacial completamente novo: ele vai usar uma rede de 34 telescópios, em vez de uma única lente ou espelho.
Serão utilizadas também câmeras de alta qualidade, e a vantagem de observar continuamente a partir do espaço, sem a interrupção causada pelo nascer do Sol e sem sofrer os efeitos causados pela turbulência atmosférica.
O professor Pacheco lembra ainda que a missão espacial PLATO segue os passos do satélite franco-europeu-brasileiro CoRoT, o primeiro do qual a astronomia brasileira participou, sobe a liderança da USP, e que já não esta mais voando.
"O País adquiriu com isso know-how em engenharia de software espacial e participou fortemente dos avanços científicos em física estelar e na descoberta e análise de exoplanetas, usufruindo também de colaborações com cientistas europeus", afirma o cientista.
"Os resultados e a experiência obtidos com o CoRoT vão balizar as pesquisas com o PLATO, que avançará na precisão que vamos obter sobre os novos exoplanetas, sobretudo os parecidos com a Terra,que são os mais interessantes para a astrobiologia," concluiu.