Com informações da BBC e ESA - 10/02/2020
Clima espacial
A sonda europeia Solo (Solar Orbiter, ou Orbitador Solar) foi lançada com a ousada missão de explorar o Sol de perto.
O observatório, que custou €1,5 bilhão, leva câmeras e sensores que devem revelar segredos sobre o funcionamento do astro, incluindo seu comportamento dinâmico, além das primeiras informações sobre os pólos da nossa estrela.
Além de suas emissões "normais", ocasionalmente o Sol emite "disparos" de bilhões de toneladas de partículas eletricamente carregadas. As tempestades solares mais violentas danificam satélites, provocam interferências nas comunicações por rádio e derrubam até redes elétricas.
Os pesquisadores esperam que o conhecimento obtido a partir da sonda Solo aprimore os modelos usados para prever esse clima espacial.
A sonda ficará posicionada a uma distância de 42 milhões de quilômetros da superfície do Sol - ou seja, mais próxima do astro que o planeta Mercúrio.
Essa órbita única vai levar a Solo para fora do plano dos planetas, permitindo observar os polos do Sol.
"Ainda não temos uma compreensão detalhada de por que o Sol tem um ciclo de 11 anos durante o qual sua atividade sobe e desce," disse a pesquisadora Lucie Green, da Universidade College London (UCL). "Faltam observações, o que nos impede de saber quais de nossas teorias estão corretas, e essas observações que estão faltando são sobre os polos."
Escudos de titânio e ossos
Para resistir às temperaturas escaldantes, a espaçonave conta com um grande escudo de titânio para proteção. As fotos serão tiradas por meio de "olhos-mágicos", que precisam ser fechados após cada sessão de coleta de dados para impedir que os componentes internos derretam.
"Tivemos de desenvolver muitas tecnologias novas para garantir que a espaçonave seja capaz de resistir a temperaturas de até 600 °C," afirmou Michelle Sprake, engenheira de sistemas da fabricante aeroespacial europeia Airbus, que construiu a sonda. "Um dos revestimentos que garantem que a sonda não fique muito quente é feito de ossos cozidos de animais."
Física solar
A Solo possui seis sensores de imagem e quatro instrumentos que vão coletar informações sobre o gás ionizado (plasma) e os campos magnéticos enquanto eles se afastam do Sol e fluem sobre a espaçonave.
"A (missão da) Solar Orbiter está relacionada à conexão entre o que acontece no Sol e o que acontece no espaço," explica o professor Tim Horbury, do Imperial College de Londres. "Precisamos nos aproximar do Sol para observar a região de origem, e medir então as partículas e os campos [magnéticos] provenientes dela. É essa combinação, além de sua órbita única, que torna a Solar Orbiter tão poderosa no estudo de como o Sol funciona e afeta o Sistema Solar."
O lançamento da Solar Orbiter acontece logo após o da sonda Solar Parker, da NASA, que compartilha vários objetivos científicos e até alguns instrumentos em comum com a Solo.
Enquanto isso, aqui na Terra, um supertelescópio chamado Telescópio Solar Daniel K. Inouye (DKIST, na sigla em inglês), no Havaí, registrou imagens que mostram pequenas estruturas da superfície solar, com uma resolução de apenas 30 km de diâmetro.