Com informações da Agência USP - 03/11/2014
Interface esférica
Pesquisadores da USP criaram uma tela esférica que não apenas mostra objetos 3D de forma similar à holografia, como também permite a manipulação desses objetos com as mãos.
A esfera é feita de acrílico translúcido com tratamento óptico que produz o efeito de percepção em profundidade. A resolução obtida é igual à da retina, compatível com a resolução do olhar humano.
O sistema de realidade virtual esférico é inédito e, segundo os pesquisadores, pode revolucionar o mercado de simulação, com aplicações em videogames, cinema 3D, design, parques de diversões, mecânica, medicina, entre muitas outras áreas.
"O que faz o sistema inovador é a utilização de vários miniprojetores calibrados e combinados automaticamente criando um espaço de pixel uniforme sobre a superfície da esfera. Estes miniprojetores transformam um globo translúcido em uma tela 3D interativa de alta resolução com perspectiva corrigida", explica o professor Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica da USP.
O sistema, chamado Spheree, consiste de uma tela esférica de multiprojeção com correção de perspectiva, com capacidade tanto para visualização como para edição de conteúdo em 3D. A interação gestual permite ao usuário movimentar ou rotacionar objetos, além de manipulá-los utilizando hardware especial.
Realidade virtual esférica
Os usuários interagem com o Spheree de duas formas, utilizando dispositivos de rastreio das mãos, como canetas stylus, cuja precisão é adequada para programas de esculpir, ou usando as mãos livres, com gestos para explorar o conteúdo 3D, manipulando a posição e tamanho do objeto por meio de rotação, translação e escala.
De acordo com Zuffo, o Spheree apresenta um novo paradigma para a visualização de realidade virtual em esfera de conteúdo tridimensional, já que os sistemas mais comuns em realidade virtual são em formato cúbico e por isso podem apresentar distorções de imagem.
Com esse sistema de realidade virtual, é possível que os usuários caminhem ao redor do objeto que está sendo explorado, para entender melhor sua geometria e propriedades físicas, simulando algo semelhante à criação de esculturas da vida real.
"A plataforma rastreia a posição do usuário e da Spheree para renderizar imagens de perspectiva corrigida na superfície da esfera, proporcionando referências de paralaxe de movimento, isolamento, iluminação e de profundidade para o usuário," afirma Zuffo.
O projeto é resultado de uma colaboração internacional, envolvendo pesquisadores da USP, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do ABC (UFABC) e das universidades de Saskatchewan e Colúmbia Britânica, no Canadá.