Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/05/2020
Atualização em 26/05/20
Uma equipe da Universidade Católica do Chile divulgou uma interpretação alternativa dos dados que embasaram esta pesquisa. Segundo Pedro Poblete e seus colegas (ver bibliografias abaixo), o que se vê nas imagens não é o nascimento de um planeta, mas de uma segunda estrela, o que tornaria AB Aurigae um sistema binário.
A reportagem abaixo foi mantida na íntegra, representando a interpretação da equipe de Anthony Boccaletti, que fez a análise original.
Planeta nascendo
Observações feitas com o telescópio VLT e com o radiotelescópio ALMA, ambos no Chile, revelaram sinais da formação de um sistema planetário.
Em torno da estrela AB Aurigae encontra-se um disco denso de gás e poeira, onde os astrônomos descobriram uma estrutura em espiral, dentro da qual há uma espécie "turbilhão", que pode ser o local onde um planeta pode estar se formando.
A estrutura observada poderá ser a primeira evidência direta de um planeta em formação, uma vez que tudo o que temos até agora são teorias - as teorias propõem que os planetas nascem da aglomeração de poeira e gás no que restou da nuvem de matéria onde uma estrela se formou.
"Milhares de exoplanetas foram já identificados, mas pouco sabemos sobre a sua formação," explica Anthony Boccaletti. "Precisamos observar sistemas muito jovens para capturar o momento em que os planetas se formam."
Até agora os astrônomos não eram capazes de obter imagens suficientemente nítidas e profundas destes discos jovens - chamados discos protoplanetários - para encontrar o tal "turbilhão" que marca o local onde um planeta pode estar surgindo.
Espirais cósmicas
As novas imagens apresentam uma espiral de gás e poeira em torno da estrela AB Aurigae, sistema situado a cerca de 520 anos-luz de distância da Terra, na constelação do Cocheiro.
Espirais deste tipo indicam a presença de planetas em formação, que interferem com o disco protoplanetário, criando perturbações no disco com a forma de ondas. À medida que o planeta se desloca em torno da estrela central, essa onda adquire a forma de um braço em espiral.
A região amarela muito brilhante próximo do centro da nova imagem de AB Aurigae, situada aproximadamente à mesma distância da sua estrela que Netuno do Sol, é um destes locais de perturbação onde a equipe acredita que um planeta